Leia antes:
Introdução
Capítulo 1 – Exórdio
Capítulo 2 – De Jesus a Cristo
Capítulo 3 – A centralidade da cruz de Cristo
Capítulo 4
“Pois é pela graça de Deus que vocês foram salvos, por meio da fé que vocês têm. Vocês não salvaram a si mesmos. A salvação vem de Deus como um dom, e não como o resultado das obras que alguém fez, para que assim ninguém se orgulhe. Nós somos criaturas de Deus. Ele nos criou em Cristo Jesus para que passássemos a nossa vida fazendo as boas obras que Ele já tinha preparado.”[1]
O papa vem aí. Assisti recentemente a uma entrevista com um grupo de romeiros gaúchos que estão preparando uma grande caravana para acompanhar de perto a visita do papa. Questionado pelo repórter sobre as perspectivas em relação à visita papal, o coordenador da viagem disse esperar na melhor das hipóteses poder dar um abraço no papa e rogar-lhe uma graça para si próprio, para sua família e para sua cidade.
Certamente o termo graça encerra também o sentido de uma mercê, ou uma dádiva concedida. Os devotos de Frei Galvão (nosso futuro santo tupiniquim) crêem que ao dirigir-lhe preces fervorosas e consumirem pequenas pílulas de papel serão presenteados com uma graça especial.
Apesar de discordar com as práticas acima, devo reconhecer que o sentido original da palavra graça, isoladamente, não se perdeu de todo na nossa sociedade. Mesmo aqueles que invocam as graças de Frei Galvão ou do Bispo Ratzinger reconhecem que o que recebem precisa vir de uma fonte externa.
O que os cristãos universalmente aceitam é que a Graça (esta com letra maiúscula) salvífica é um favor, uma dispensação exclusiva que compete unicamente a Deus. Homem nenhum, mesmo os comissionados por Jesus Cristo para ser dirigentes da igreja universal, é capaz de imputar a graça de Deus.
Refletir sobre a graça é compreender que, em Cristo, Deus nos alcança para a salvação. Não existe ato qualquer humano envolvido no processo da salvação porque ela parte da Graça. Até mesmo a fé, que é o instrumento que Deus escolheu para nos imputar a salvação, é um presente de Deus por graça, pois a natureza pecaminosa que herdamos em Adão nos impossibilita até mesmo de exercer a fé para a salvação. Compreender a Graça não se trata de abraçar a Fé em Cristo Jesus, mas permitir ser abraçado por providência tão maravilhosa e absolutamente indigna.
Os irmãos em Cristo são agremiados por esta graça e não precisam recorrer a outros homens para alcançá-la pois já a têm em Cristo Jesus.
Notas:
[1] Efésios 2:8-10 Tradução Moderna da Bíblia