O que nos faz irmãos: Exórdio

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Introdução

Capítulo 1

“No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que foi feito se fez.” [1]

Há ainda os que pensem que o natal teve sua origem nas festividades de dezembro. Outros, um pouco mais intelectualizados, pontuam o nascimento carnal de Jesus, ocorrido na Judéia antes do século I a.D. como sendo a origem do natal.

Mateus inicia seu relato traçando uma genalogia ligando o recém-nascido de Belém à Davi e à Abraão, ligando-o definivamente às profecias judaicas messiânicas. João, no entanto, vai mais além. Ele estabelece a ligação definitiva entre Jesus Cristo e o Deus veterotestamentário. O Evangelho de João traça uma cronologia[2] que encontra seu início na Eternidade (“E adoraram-na todos os que habitam sobre a terra, esses cujos nomes não estão escritos no livro da vida do Cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo. [3]), deixando claro que o menino de Belém – posteriormente, o rabi Ieshua – era Deus.

A irmandade dos cristãos crê que Jesus Cristo é o Filho de Deus, nascido da Virgem Maria, em Belém da Judéia, anunciado pelo arcanjo Gabriel, nascido sob o império romano. Homem de homem, Deus de Deus. O contexto temporal do nascimento de Jesus é bem expressado por Philip Yancey como se segue:

    Aos leais súditos romanos, Augusto oferecia paz, segurança e entretenimento: em duas palavras, pão e circo. A Pax Romana garantia que os cidadãos tivessem a proteção contra os inimigos de fora e desfrutassem dos benefícios da justiça e do governo civil romano. Enquanto isso, uma alma grega enchia o corpo político romano. As pessoas por todo o Império se vestiam como os gregos, construíam seus prédios no estilo grego, jogavam os desportos gregos e falavam a língua grega. Exceto na Palestina.

    A Palestina, o caroço que a anaconda não conseguia digerir, exasperava Roma até o fim. Contrariando a tolerância romana para com muitos deuses, os judeus apegavam-se tenazmente à noção de um Deus, o seu Deus, que lhes revelara uma cultura diferente de Povo Escolhido. (…) Herodes, o Grande, ainda reinava quando Jesus nasceu. Comparativamente, a Palestina permaneceu sossegada sob o seu braço de ferro, pois as longas guerras haviam drenado ambos, o espírito e os recursos dos judeus. Um terremoto em 31 a.C. matou 30 mil pessoas e muito gado, causando mais penúria. Os judeus chamavam tais tragédias de “aflições do Messias” e imploravam a Deus por um libertador.[4]

Sob o ponto de vista cósmico, porém, o que melhor consegue captar a essência dos acontecimentos da Belém rural parece ter sido Simeão: “Agora, Senhor, despedes em paz o teu servo, Segundo a tua palavra; Pois já os meus olhos viram a tua salvação [5].

    O cristianismo bíblico afirma que Cristo possui duas naturezas, que ele é tanto divino quanto humano. Ele existe junto com Deus Pai na eternidade como a segunda pessoa da Trindade, mas tomou a natureza humana na encarnação. O que resulta disso não compreende nem confunde, seja a natureza divina, seja a humana, de modo que Cristo era totalmente Deus e totalmente homem, e permanecerá nessa condição para sempre.[6]

A Bíblia diz que o que vem a Deus deve crer que Ele existe.[7] (“Ora, sem fé é impossível agradar-lhe; porque é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe, e que é galardoador dos que o buscam.” [8]). Desta forma, a primeira virtude que nos faz cristãos, é a crença na existência absoluta em Deus. Tal crença pode se apoiar em argumentações filosóficas, ontológica, cosmológico, teleológico, moral, transcedental ou dogmáticas. No entanto, os irmãos em Cristo não necessitam de tais argumentos para se chamarem assim[9], crendo em Deus sustentados unicamente pela crença [10] ou .

O exórdio da encarnação é a pré-existência eterna de Jesus e sua entrada na história. Deus não existe porque cremos em sua existência. Cremos porque Ele existe (é).

    Hoje em dia, um bom número de pessoas diz: “Acre¬dito em Deus, mas não num Deus pessoal.” Elas pres¬sentem que o mistério por trás de todas as coisas deve ser maior que uma pessoa. Os cristãos concordam com isso. Porém, os cristãos são os únicos que oferecem uma idéia de como seria esse ser que está além da persona¬lidade. Todas as outras pessoas, apesar de dizerem que Deus está além da personalidade, na verdade conce¬bem-no como um ser impessoal: melhor dizendo, como algo aquém do pessoal. Se você está em busca de algo suprapessoal, algo que seja mais que uma pessoa, não se verá obrigado a escolher entre a idéia cristã e as outras idéias, pois a idéia cristã é a única existente no mercado.[11]

Capítulo 2 – De Jesus a Cristo

Notas:

[1] João 1:1-3 [2] Cronologia não seria o termo mais correto, pressupondo a necessidade pontual de um início temporal, o que não pode ser dito a respeito de Deus (que nunca teve início e para quem o tempo não faz a menor diferença). [3] Apocalipse 13:8 [4] Philip Yancey. O Jesus que eu nunca conheci. [5] Lucas 2:29-30 [6] Cheung, Vincent – Teologia Sistemática [7] Cheung, Vincent – Teologia Sistemática [8] Hebreus 11:6 [9] Cada argumentação mencionada é importante, e também demonstra um atributo de Deus, a saber, sua cognoscibilidade, ou a capacidade de se fazer conhecido. [10] Hebreus 11:6 [11] C.S.Lewis – Cristianismo Puro e Simples