O que nos faz irmãos

“Porque nada me propus saber entre vós, senão a Jesus Cristo, e este crucificado.” [1]

2007 é o ano do Encontro irmaos.com. Sobre esta plataforma, gostaria de convidá-los a lançar um olhar sob a superfície analisando os principais fatos que fazem do cristianismo, uma congregação de irmãos. Aliás, é bom definir logo a terminologia à utilizar: irmão; Do lat. germanu. Filho do mesmo pai e da mesma mãe, ou só do mesmo pai (irmão consangüíneo) ou só da mesma mãe (irmão uterino), em relação a outro(s) filho(s).

Deixarei claro que nos textos desta série você não encontrará argumentos para decidir se tornar presbiteriano, católico, batista, metodista, assembleiano, irmãos unidos ou outra denominação cristã. Tampouco falarei a respeito de aspectos pontuais particulares de cada grupo. Assim, receio que alguns presbiterianos ficarão frustrados que eu não enfatize as doutrinas calvinistas, os pentecostais provavelmente ficarão chateados por não designar um capítulo específico aos dons carismáticos, os católicos incomodar-se-ão da não-menção mariológica nos artigos da série, exceto ao mencionar o nascimento virginal de Jesus Cristo.

Decidi escrever esta série para salientar o que de essencial existe no cristianismo. Citando palavras de John Stott[2]:

    Nós nos separamos uns dos outros por assuntos pouco importantes. Algumas das questões que nos dividem são teológicas; outras temperamentais. Teologicamente, por exemplo, podemos discordar na relação exata entre soberania divina e responsabilidade humana, na”ordem” e ministério pastoral da igreja (se deve ser episcopal, presbiteriano ou independente) e até onde os crentes podem envolver-se numa “mistura” denominacional sem que se comprometam a si mesmos e a fé que professam; nas relações Igreja-Estado; em quem está qualificado para ser batizado e no volume de água a ser usado; em como interpretar profecia, em quais dons espirituais estão disponíveis hoje e quais são os mais importantes. Estas são algumas das questões nas quais crentes igualmente dedicados e bíblicos discordam entre si. São questões que os reformadores chamam de “adiaforia”, questões “indiferentes”.

A maior ameaça ao cristianismo na atualidade não se encontra nos púpitos das igrejas ou no expansionismo do islã, mas no comportamento dos cristãos que dia-a-dia se tornam mais seculares, preterindo a vida cristã autêntica e simples às particulares interpretações e pontos de vista individuais.

    “Pois “mundanismo” não é apenas uma questão (como fui ensinado a acreditar) de fumar, beber e dançar, nem tampouco aquela velha questão sobre embelezar-se, ir a cinemas, usar minissaias, mas o espírito do século. Se absorvemos sem qualquer exame os caprichos do mundo (neste caso, o existencialismo), sem que primeiro sujeitemos isto a uma rigorosa avaliação bíblica, já nos tornamos crentes mundanos.” [3]

Não faço mistério a respeito das minhas particulares posições, porém, opto nesta série em identificar pontos da essência do cristianismo que nos fazem unir e sermos chamados irmãos. Para a composição dos capítulos seguintes, convido-os a conhecer o pensamento de alguns irmãos como o Apóstolo Paulo, Agostinho, Lutero e Calvino, além dos contemporâneos C.S. Lewis, John Stott, Philip Yancey e Vincent Cheung a respeito do cristianismo. Como Leighton Ford disse corretamente, em 1959, no Congresso Americano sobre Evangelismo, em Minneápolis: “Deus não está preso ao inglês do século dezessete, nem aos hinos do século dezoito, nem à arquitetura do século dezenove, nem aos clichês do século vinte” desta forma, precisamos também reavivar o conhecimento acerca das virtudes essenciais do cristianismo.

Capítulo 1 – Exórdio

Notas:

[1] I Coríntios 2:2 [2] Stott, John. Cristianismo Equilibrado. CPAD [3] Idem