Mais difícil do que você pensa!

Tenho duas notícias para você: uma boa e outra ruim. E agora vem aquela pergunta super original: qual você quer primeiro? Já sei, a ruim. Por que será que todo mundo faz essa escolha? Deixa pra lá.

A notícia ruim é que a vida ao lado de Cristo é mais difícil do que você pensa. Se lhe venderam o evangelho da mordomia, da vida mansa ou da maciota, sinto informá-lo: você foi passado para trás. Mas calma, não quero que vá correndo reclamar no PROCON espiritual que você comprou “gato por lebre”. Ainda há uma forma de consertar o estrago. E essa é a notícia boa!

Quando questiono o tipo de evangelho que pregamos, não estou me referindo àquele que promete prosperidade, um casamento feliz da noite para o dia, a solução de todos os seus problemas… Não! Esse tipo de produto também está à venda no mercado gospel, mas já tem sido tão criticado e biblicamente confrontado que espero que você, como ser inteligente que certamente é, não caia mais nessa.

O meu medo é aquele evangelho pregado nas igrejas tradicionais, naquelas com histórico de estudos bíblicos profundos, onde os membros são fiéis nos dízimos e fazem trabalhos sociais e ainda, naquelas que dominicalmente pessoas sinceras sentam para ouvir o evangelho puro. Sua igreja é assim? Então estou escrevendo para você. Ah, um segredo para ficar só entre nós: a minha também é assim.

Você pode estar pensando: mas o que há de errado em todas essas características da igreja citada no parágrafo anterior? Quem não gostaria de estar no rol de membros de uma igreja assim? Eu, rapidamente respondo: Eu gosto de pertencer a uma igreja tradicional, com ênfase no estudo da Palavra de Deus e cheia de pessoas sinceras que entregam a Deus seu culto racional. Gosto mesmo! Mas também não posso ficar calada diante do câncer que, na atualidade, começa a crescer nesse tipo de igreja.

Somos tão cheios de qualidades, tão organizados em ministérios tão impactantes, tão usados por Deus, tão convictos nas nossas doutrinas… tão tantas coisas! Mas Deus olha para nossas atitudes eclesiásticas, e muitas vezes até bíblicas, e diz: Misericórdia quero e não sacrifício, e o conhecimento de Deus, mais do que holocaustos” (Oséias 6:6). Desculpe, mas o padrão de excelência de Deus é bem maior do que aquilo que os olhos do seu pastor podem ver ou daquilo que os ministérios da sua igreja podem realizar.

Trocando em miúdos, não adianta você fazer o que é certo, sem o arrependimento diante do que é errado. Exemplos sempre são didáticos, então vamos lá: não adianta você não namorar rapazes não cristãos porque o seu pastor prega que isso é um tal de jugo desigual que você nem sabe ao certo o que é; não adianta você se segurar para manter um padrão moral para não desonrar o brasão da sua família; não adianta você ser um excelente pregador para honrar seu chamado. Não há nada de errado em fazer o que seu pastor ensina (se, obviamente, for bíblico!), nem em respeitar a família, muito menos em honrar seu chamado ministerial. Se você age assim, por favor, continue nesse caminho; mas para Cristo, isso não é suficiente! Pode até servir de testemunho para os homens, pode até abençoar pessoas e, acredite, pode até salvar vidas; mas para Cristo não adianta! O que Ele quer é você, não o que você pode fazer. Deus quer a sua consciência transformada (Romanos 12:2 – mente renovada, lembra?), isto é, quer que você pare de pensar em algumas coisas e as substitua por outras. Substitua por mais do conhecimento de Deus, como sugere Oséias 6:6. Eu disse parar de pensar, não de fazer! Porque muitas vezes fazemos coisas contrárias ao que gostaríamos, por convenções, por religiosidade e, assim, diante dos homens somos aprovados, mas Deus quer mais. Deus quer mudar a sua vontade! Além da sua mente, Ele quer seu coração bem guardado porque é nele que está a fonte da vida (Provérbios 4:23). Eu disse vida, não aparência de vida. Vida em essência, com sentido, com verdade, com propósito!

Você pode estar pensando: “Hum, mas é melhor fazer o que é certo mesmo sem a motivação correta, do que fazer o que é errado”. Eu até posso concordar, mas apenas em parte. Realmente é melhor estudar a Bíblia, manter um padrão familiar moralmente correto ou enviar sustento mensal para um missionário, por exemplo. É melhor na nossa visão, porque na de Cristo o melhor mesmo é a misericórdia. É melhor aquilo que vem do coração (córdia) do que o que só vem das mãos. É melhor um espírito quebrantado do que um semblante contrito. É melhor o choro da alma do que o canto dos lábios. É melhor o ministro do que o ministério. É melhor o que está dentro do que o que está fora. É melhor a essência do que a aparência, mesmo que essa seja profundamente recatada e espiritual. Porque depois que você der seu “Eu” mais profundo (e por que não dizer seu “Eu” mais escondido?!) para Deus, Ele mesmo mudará aquilo que é aparente em você.

Por isso, quero dar a Cristo não só o MEU melhor, mas o melhor na visão dEle!