Baseado numa história real, À Procura da Felicidade é o tipo de filme perfeito para os que gostam de um drama bem triste, no qual o protagonista, geralmente carismático, sofre muito. Mas muito mesmo. O roteiro é inspirado na história real de Christopher Paul Gardner, que virou um milionário após passar maus bocados na cidade de São Francisco. Exatamente por isso, o final feliz é esperado. Mesmo assim, o filme é capaz de envolver o espectador, que se pega torcendo pelo protagonista mesmo sem querer. Lei de Murphy aqui é fichinha.
Chris Gardner (Will Smith) é um homem sonhador que resolve investir todas as suas economias em modernas máquinas que fazem exames semelhantes aos de Raio-X. Pela semelhança entre os dois equipamentos, ele não consegue recuperar o investimento. Nenhum médico quer comprar o aparelho que ele carrega entre um ônibus e outro simplesmente porque é praticamente o dobro do preço do tradicional sendo que a vantagem é mínima. Por isso, tem dificuldades de sustentar sua mulher, a insuportável Linda (Thandie Newton), e o filho pequeno, Christopher (Jaden Smith, filho de Will Smith também na vida real com uma atuação impecável). Gradativamente, a família afunda em dívidas e conflitos. É quando Chris tem a idéia de tentar, a qualquer custo, trabalhar como corretor da bolsa – um emprego em plena ascensão no começo dos anos 80, quando se passa a trama – mesmo sem estudos qualificados. Sua força de vontade, carisma e facilidade nos assuntos da matemática faz com que sua esperança de conseguir um emprego fixo e sustentar seu filho nunca seja abandonada.
Mais do que a dificuldade financeira do protagonista, “À Procura da Felicidade” foca seu relacionamento com o filho pequeno e seu desejo de ser uma forte figura paterna para o menino. Mais do que respeito, Chris quer que a criança sinta orgulho dele, não importando as adversidades que a vida lhes impõe. Para ele, conseguir um emprego como corretor de ações está relacionado à procura da felicidade do título, ao lado de seu filho, do que à ascensão social e financeira. Afinal, este era o emprego dos sonhos de qualquer jovem norte-americano nos anos 80 e 90.
Will Smith mostra uma excelente atuação. Ironicamente, ele mesmo é um ator que se superou e mostrou também saber interpretar, além de ser comediante e rapper. Além disso, também é importante reforçar a importância da escalação de seu filho para interpretar este personagem. A química entre pai e filho é levada à tela naturalmente, ponto essencial para a construção da dinâmica entre os dois personagens, que alterna momentos tensos e leves, típicos nesse tipo de relação. Apesar da conclusão do roteiro ser óbvia, a trama é envolvente o suficiente para fazer com que o espectador se emocione. Não esqueça de levar o lenço porque este filme é feito para você chorar.
Para quem já assistiu (nada comprometedor):
– achei fantástica aquela passagem deles pela igreja onde ouviram aquele também fantástico coral gospel. Foi um divisor de águas na história do personagem e do filme.
– eu também já consegui resolver aquele cubo colorido e tenho testemunhas para provar! Agora só falta eu ficar milhonário.