O filme é uma jornada física, mental e espirtitual de uma mulher que decide cruzar o país à pé, enquanto enfrenta seus traumas e lida com os problemas pessoais vivenciados até então. A experiência é fabulosa e encantadora, sendo capaz de emocionar em vários momentos. Cheryl Strayed (Reese Witherspoon) decidiu mudar de vida e vivenciar um momento de intropscção junto à natureza selvagem. Para tanto, após a morte de sua mãe (Laura Dern), um divórcio e uma fase de autodestruição repleta de heroína, ela se expõe a bolhas nos pés, caminhar entre cobras e raposas, enfrentar o frio, a falta d´água, e o risco de ser estuprada no mato numa trilha de 4.200 Km pela costa do oceano Pacífico, na chamada Pacific Crest Trail.
O trabalho do diretor Jean-Marc Valle é quase que um documentário, acompanhando a viagem de Cheryl Strayed num roteiro bem adaptado por Oscar Nick Hornby do best-seller Livre: A jornada de uma mulher em busca do recomeçode Cheryl Strayed, lançado em 2012, que narra as memórias da mudança em sua vida, depois de anos de comportamento inconsequente, lidando com o vício em heroína que ocasionou inclusive a destruição de seu casamento.
É louvável a decisão de Strayed em mudar de vida, especialmente abandonando a vida de drogas e sexo promíscuo. Pena que ela tenha tido de enfrentar tantas coisas ruins, como a perda da mãe, de modo a viver assombrada pela sua lembrança. Ela decide então, mesmo sem nenhuma experiência, trilhar o percurso pedestre que se estende da fronteira dos Estados Unidos com o México até à sua fronteira com o Canadá seguindo os montes mais altos da Sierra Nevada, e o detalhe, sozinha. O longa revela então os medos e prazeres que uma viagem como esta oferece.
Durante a jornada, ela enlouquece, se fortalece e encontra a cura para alma ao olhar para dentro de si e enfrentar suas compulsões e vícios, seus traumas e decepções, literalmente virando a página, ou melhor rasgando as folhas que não lhe são mais úteis.Esse é um ensinamento precioso do filme, demos nos livrar do excesso de peso que carregamos em nossas vidas, com coisas que nos são inúteis.
O autor aos Hebreus, no capítulo 12, verso 1 diz nos orienta a que “livremo-nos de tudo o que nos atrapalha e do pecado que nos envolve e corramos com perseverança a corrida que nos é proposta”.
Interessante que no filme, a Cheryl criança é interpretada pela filha da real Cheryl Strayed. Há informações que o diretor do filme cubriu todos os espelhos para que Reese não pudesse se ver durante as filmagens, apesar de ter uma cena vaidosa dela diante do espelho.
O Oscar adora premiar belas atrizes que ficam feias no papel, emagrecem e expõem seu corpo. Reese Witherspoon realizou cenas de nudez neste filme. Ela está muito bem em cena e faz jus a indicação, mas não é superior ao excelente trabalho de Rosamund Pike em Garota Exemplar (Gone Girl, 2014) de David Fincher, por exemplo. Ainda preciso ver os filmes das demais concorrentes, especialmente o trabalho da favorita Julianne Moore por Para Sempre Alice (Still Alice, 2014).
A trilha sonora musical é extremamente importante neste filme. Muitas vezes a canção é cantada pela própria personagem e a ajuda em determinados momentos. A fotografia do filme oferece belas imagens, e a edição descontinuada também é digna de elogios.
Nos créditos finais, vemos algumas imagens da verdadeira Cheryl Strayed, que inclusive faz uma participação especial no filme, como a mulher que esbarra na personagem principal no início do filme e lhe deseja boa sorte. A personagem esteve cotada a Jennifer Lawrence, Scalett Johansson e Emma Watson. Fiquei com vontade de fazer alguma trilha por aí, pois prefiro colecionar experiências a possuir coisas. Excelente filme sobre perseverança e autodescoberta. Altamente recomendado. Nota: 10,0/10,0 – ★★★★★