Não sei o que acontece com a gente. Nós conseguimos manter os relacionamentos entre os irmãos em Cristo de maneira saudável até que alguma discordância se contraponha entre nós. Quando surge o atrito, o relacionamento deixa de ser amigável e guiado pelo amor. Passamos muito rapidamente da posição de irmãos para a de adversários.
Mas não é assim com irmãos de sangue. Com estes, via de regra, os atritos são absorvidos pelo amor que se mantém pela força do sangue comum.
Por que não somos a mesma pessoa quando o atrito é com um irmão em Cristo?
É impressionante que um irmão em Cristo possa admirar, respeitar, honrar e acreditar na boa índole de outro irmão, mas que, quando acontece um atrito pessoal, a consideração e a fé nas boas intenções do coração são completamente esquecidas. E, mais uma vez, o irmão é visto como adversário.
Temos que crescer sempre no amor para com os irmãos. Precisamos amadurecer a cada dia. Precisamos aperfeiçoar o coração perdoador. Necessitamos de mais paciência. Carecemos de sermos mais gentis, menos egocêntricos, mais generosos, menos intolerantes. Sentimos falta dos relacionamentos pautados pela humildade que lembra que ninguém é perfeito. E que nós puxamos a fila. Precisamos aceitar o irmão como alguém em quem Deus ainda trabalha. Temos que olhar para cada irmão com os olhos de Deus. E assim, considerarmos cada um como um tesouro que vale mais que o mundo inteiro. Desistir de pessoas ofende a Deus. Ele não desiste de mim, eu não tenho o direito de desistir de qualquer pessoa.
Por isso, hoje apelo para que cada um considere os seus irmãos como pessoas mais importantes. Lembrando que é importante não falar mal, não boicotar, não desprezar, não deixar de orar, não ofender, não se fechar, não atravessar a rua e não deixar que o sol se ponha sobre a sua ira.
Meu irmão é meu irmão. Com todos os seus defeitos, com todas as suas carências e com todas as suas esquisitices. Meu irmão será sempre meu irmão. Não posso esquecer disso. Se Jesus deu a Sua vida por ele, como posso desprezá-lo?
Quando eu digo que o meu irmão é meu irmão, espero que ele me veja também assim. Pois em cada repreensão acima, não me esqueci que em muitas delas eu sou o culpado e não a vítima, o ofensor e não o ofendido.
Quero ainda repetir: meu irmão é meu irmão. Aconteça o que acontecer. Seja qual for o tamanho da ofensa. Mesmo que seja com os olhos encharcados de lágrimas amargas, eu tenho que me levantar e enxergá-lo como meu irmão. Talvez ele precise de correção, mas entrego isso na direção de Deus. Talvez ele mereça uma vingança, mas eu só tenho o direito de oferecer misericórdia e de pagar o mal com o bem. Um cristão só tem o direito de agir e reagir como Jesus. Nem um direito mais.
por Clóvis Jr.