Lucas 17:11-19.
Você já experimentou o sabor amargo da ingratidão? Aquele presente em que você colocou mais valor sentimental do que monetário, mas que quando o entregou a um amigo viu o seu presente ser colocado atrás do arranjo de flor, escondido, longe do local reservado para presentes. Aquela pessoa a quem você prestou grandes favores e, no dia em que você precisou dela, ela retribuiu dando-lhe as costas. Como a ingratidão é intragável!
Me impressiona o fato de Jesus ter colocado na agenda do dia, que fora planejada desde a eternidade, andar naquele lugar ermo que era o maior ponto de discussão e discórdia da época. De um lado os judeus, do outro os samaritanos e bem na divisa, no meio do preconceito, caminha Jesus. Ali também caminhavam dez homens, judeus e samaritanos misturados, unidos por uma doença incurável; homens que em outra ocasião, se passassem um pelo outro, teriam trocado farpas de insultos, virado o rosto, agora compartilham seus sofrimentos, suas dores. O comportamento destes homens me traz uma pergunta: QUE TIPO DE RELACIONAMENTO EU TENHO COM DEUS?
PARARAM DE LONGE – Quantas vezes tenho levado um relacionamento à distância? Procuro Deus quando tenho alguma necessidade, então, paro de longe e grito: Senhor, meu filho está doente, ou, Senhor estou desempregado, ou ainda, Senhor o dinheiro acabou.
MOSTRAI-VOS AO SACERDOTE – Jesus não lhes prometeu cura alguma, apenas ordenou que eles se apresentassem ao sacerdote, mas é interessante que a Bíblia não diz que algum deles tenha obedecido. Eles chegaram chamando Jesus de mestre, mas ao que parece, não cumpriram nem uma ordem simples. É semelhante ao paciente que vai ao médico com uma infecção na garganta e o médico lhe receita um antibiótico que deverá ser tomado por sete dias. No primeiro dia o paciente obedece aos horários rigorosamente, no segundo também, mas do terceiro em diante a melhora é visível e os comprimidos são guardados em alguma gaveta do armário. Você deve ter em sua casa algumas caixas de remédios abertas que não deveriam estar ali se você tivesse obedecido, não é verdade?
Existem em nossa vida gavetas onde entulhamos nossas centenas de promessas. Elas são de todo tipo: Senhor, se o meu filho sarar eu serei mais assíduo nas reuniões; Se a minha vida financeira melhorar, eu vou contribuir mais na obra missionária; Se o Senhor me der saúde pra eu completar meus cinqüenta anos, então dedicarei minha vida no seu serviço. Essas promessas estão lá, como cartelas de comprimidos usadas pela metade.
UM DELES, PERCEBENDO QUE ESTAVA SÃO – Dez homens obtiveram a mesma bênção de serem curados da enfermidade, mas apenas a um “caiu a ficha”. Ele percebeu que Jesus havia lhe respondido, que ele tinha sido abençoado. Percepção é a palavra.
Todas as manhãs despejamos nossos pedidos sobre Deus. Pedimos pelo filho que vai para a escola, pelo trajeto para o trabalho, pelo negócio que precisamos fechar, pelo sucesso no vestibular. Mas quantos de nós agradecemos a Deus quando pega o filho na porta da escola, ou quando chega no trabalho, ou quando vemos nosso nome na lista dos aprovados? Aquele samaritano é o tipo de pessoa que, quando deixava o carro no estacionamento do prédio onde trabalhava, era capaz de dizer: Senhor, eu te agradeço porque o Senhor me guardou mais uma vez.
VOLTOU… CAINDO AOS SEUS PÉS… E O ADOROU – As avenidas dos que buscam a Deus estão sempre lotadas. São como a 25 de março onde você encontra de tudo. Mas na estreita rua dos que são gratos, muito raramente você encontra algum peregrino. Nas avenidas dos que buscam a Deus existem faixas e cartazes com o nome de Deus: Deus vai me abençoar, Deus vai me ajudar, Deus vai me livrar desta. Mas no caminho de volta estão fixados os outdoors: Eu melhorei minha vida financeira por causa daquele negócio que abri; Se não fosse por mim, meu filho estaria morto.
Dez foram abençoados, mas apenas um percorreu o caminho de volta. Irmãos, não é a nossa necessidade que nos leva para perto de Deus, e sim a nossa adoração, o caminho de volta. Esse homem agora não mais parou de longe e gritou, mas ele veio aos pés de Cristo, pôde tocar no mestre, conhecê-lo de verdade. Aqueles nove foram para casa curados, mas sem conhecer a Cristo.
O PONTO DE ENCONTRO – Fiquei admirado em perceber que no meio de um ministério tão curto e uma missão tão grande, Jesus ficou esperando aquele homem voltar, lá naquele lugar distante, no meio do nada Jesus o esperou. Deus quer fixar um ponto de encontro conosco. Sabe aquele ponto de encontro com Deus em cima de uma cama no hospital? Deus estará lá no dia em que o médico vier te dar alta; Aquele ponto de encontro na sua sala quando você preenchia aquele currículo? Deus estará lá quando o telefone tocar e do outro lado alguém dizer que você foi selecionado. Apesar de todas as suas ocupações, Deus estará à nossa espera, naquele ponto de encontro ansioso por ouvir nossas palavras de gratidão e adoração.
Duas atitudes de Jesus me marcaram a vida neste texto:
ELE NÃO SE ESQUECEU DOS NOVE – Apesar de Jesus ter relevado a gratidão do samaritano, ele se lembrou dos nove que não voltaram. Você já parou para pensar nisso? A INGRATIDÃO É ALGO QUE DEUS NÃO ESQUECE. Ele pode perdoar e esquecer todos os nossos pecados, mas não se esquece da atitude ingrata de um servo. Talvez seja por isso que Davi disse: “Alma… não te esqueças de NENHUM dos seus benefícios”.
DEUS SEMPRE RESERVA A MELHOR PARTE PARA AQUELES QUE VOLTAM – Aquele homem samaritano pôde ouvir: A tua fé te salvou.
Deus recebe a adoração de um coração grato em uma mão, e com a outra derrama aquela benção surpresa, aquilo que depois você vai dizer: Foi melhor do que eu esperava.
Gostaria que você meditasse nessa história que vou contar e se perguntasse: Que tipo de relacionamento eu tenho com Deus?
Uma pequena menina estava à beira do caminho chorando amargamente. Um amável cavalheiro que passava por ali lhe perguntou:
– Por que choras, menina? – E ela lhe respondeu:
– Porque minha mãe me deu um real e eu o tenho perdido.
– Não seja por isso, disse o cavalheiro. E abrindo a sua carteira, deu um real à menina que passou a chorar mais desesperadamente do que antes.
– Por quê você está chorando agora? – Perguntou o cavalheiro.
– Porque se eu não tivesse perdido o “real” que minha mãe me deu, agora eu teria dois reais – explicou a menina.