Desclassificado

(escrito por ocasião da desclassificação da seleção Argentina do mundial da Alemanha em 30/06/2006)

“Antes subjugo o meu corpo, e o reduzo à submissão, para que, depois de pregar a outros, eu mesmo não venha a ficar reprovado.” I Coríntios 9:27.

Estamos fora do mundial! Tristeza absoluta. Na Argentina a ninguém interessa como vai Itália versus Ucrânia. Só nos fica a dor. Já não interessa que jogamos melhor que a Alemanha. Que Tevez, Mascherano e Ayala foram os melhores jogadores que tivemos para liquidá-lo e deixamos passar a oportunidade, que o árbitro jogou contra nós em cada decisão.

Estávamos vendo a partida com o pessoal do escritório. E quando Cambiasso errou o pênalti, tudo foi silêncio. Só se escutava o narrador da televisão. Havíamos ficado desclassificados.

Saí para a rua, para voltar ao escritório e as pessoas estavam de luto. Olhos baixos, almas pesarosas, silêncio em cada esquina. A Argentina perdeu e ficou fora do mundial. Havia feito as coisas melhor que seu adversário, mas não alcançou.

Aconteceu o mesmo ao México, à Holanda, à Austrália, ao Equador. Só quem ficou sentado frente à televisão vendo as últimas imagens do estádio despovoado depois da derrota pode entender esses sentimento de vazio que deixa a desclassificação.

Seguramente às segundas-feiras seguiremos falando disso, da tristeza, da dor, da impotência de não poder modificar o resultado. E me lembrei de Paulo, que tinha esse mesmo sentimento. A única diferença é que Paulo não viveu nenhum mundial. Nunca saltou de alegria quando a equipe própria fazia o gol, nem apertava a camiseta quando havia perigo para nossa área.

Sem embargo, ele conhecia esse sentimento de frustração e de dor. E lutava diariamente para não padecê-lo. Em sua peleja, Paulo competia em outra disciplina. Não era futebol, nem nenhum esporte. Era a carreira cristã, e seu objetivo era receber o prêmio de Deus.

Com a idéia bem clara, punha tudo em campo para ganhar a partida. Transpirava a camiseta, colocava garra e coração em cada momento, disputava cada bola como se fosse a última, corria, pressionava, marcava, devolvia o passe e buscava o gol.

Paulo não era um medíocre que ficava na arquibancada criticando os que corriam abaixo. Paulo estava com a equipe, buscando a vitória para Deus. E quando terminou a partida, pôde dizer satisfeito que havia cumprido e havia ganhado. Você pode dizer o mesmo?

REFLEXÃO: Viva para não ficar desclassificado.

Leia outras matérias de irmaos.com na Copa

Notas:

Traduzido por Thaíse Dias Lima

por Daniel Perez Cliffe