Marcos 4.35-41.
Você já sentiu-se paralisado de medo? Talvez você já tenho sido vitima de um assalto, ou estava em um avião tomado por um daqueles enormes vácuos. De repente as mãos ficam trêmulas, um frio percorre a espinha. Creio que o medo nos é bem comum.
Associado ao medo está a preocupação. As pesquisas provam que a preocupação excessiva pode nos causar distúrbios no sistema nervoso, digestivo e circulatório. Segundo John Curtis, diretor do gerenciamento do estresse da Universidade de Wisconsin, noventa por cento de todo o estresse é causado não por vivermos o presente, e sim, por nos preocuparmos com coisas que aconteceram, que vão acontecer, e com aquelas que possivelmente vão acontecer. Portanto, a maior causa do estresse são aqueles problemas que provavelmente nunca vamos enfrentar.
Jesus Cristo havia passado um longo tempo proferindo o sermão mais famoso da Bíblia, o Sermão da Montanha. Nele, Cristo havia dedicado grande parte do seu tempo ao ensino sobre oração, havia estabelecido que a única condição para recebermos o que precisamos é CRER. E é ai que nos diz o verso 36: “e eles, deixando a multidão…”. Agora era hora de por em prática o que haviam aprendido.
Numa noite escura, a missão de atravessar à outra margem. Pra mim isto seria um grande problema, mas não para Pedro, João e outros discípulos que eram pescadores natos. Gostaria de relacionar alguns acertos e erros dos discípulos nesta viagem.
Verso 36 – “o levaram consigo, ASSIM COMO ESTAVA” – Eu não sei se você já navegou em algum barco, mas todo dono de barco tem suas regras para a tripulação a bordo: nunca toque nisto, permaneça sempre neste ou naquele lugar, nunca faça assim, e etc. Mas os discípulos de Cristo além de o levarem no barco, não lhe fizeram exigência alguma. Então, a primeira lição que aprendo é: “nunca faça um cristo que se encaixe em sua tripulação”. Cristo deve ser aceito em nosso barco assim como é. Quantas vezes o convidamos para vir a bordo da nossa vida, porém, lhe fazemos uma série de exigências como o ciumento dono da embarcação: Senhor tu podes vir comigo, mas aqui as regras são assim e assim.
Verso 36 – “havia também com ele outros barquinhos” – Eu não sei quantos barcos navegavam naquela noite, nem tão pouco quantos foram a pique. Na verdade, ganha destaque na história um barquinho, não por ele ser mais bonito, não por ter sido feito com uma madeira mais forte, ou por ter melhores marinheiros a bordo, mas sim, por que Cristo ia naquele barco. Fico a pensar que a mesma tempestade soprou sobre todos aqueles barcos, as mesmas ondas passaram por todos eles, mas, todos os barcos que navegavam naquela turbulenta noite foram beneficiados com a presença de Cristo em um deles.
Crentes ou não, um dia a tempestade vai chegar ao nosso barco. A questão não é se a tempestade virá, mas sim, quando virá. Vivemos a navegar num mar com milhares de outros barcos, e o fato de Cristo estar a bordo da sua vida não lhe tornará isento de alguma tempestade, mas você pode crer em uma coisa, você terá a quem buscar quando ela chegar e a presença de Deus na sua vida beneficiará até àqueles que navegam ao seu lado.
O MEDO – Temos que levar em conta que muitos daqueles homens eram pescadores natos, e para a Bíblia dizer que eles temeram da forma como temeram, com certeza foi uma tempestade anormal, algo com o qual nunca haviam lidado antes, foram surpreendidos por algo que não estavam acostumados a enfrentar.
Você já foi surpreendido por uma tempestade assim? Algo que você não esperava? Você já lidou com muitas crises financeiras e fez o seu pequeno salário se adequar à sua vida, mas ficar desempregado era algo que não estava nos seus planos. Você já lidou com um filho ou a esposa doente, mas de repente foi surpreendido com a aguda dor da morte. Em outras ocasiões você tinha ficado junto com a multidão, na areia torcendo e incentivando seus irmãos a enfrentarem a tempestade, mas agora é a sua vez de encarar a fúria dos vendavais. Quantos pais ou maridos que enfrentaram a perda de seus entes queridos você consolou, mas como é muito mais difícil quando esta onda gigante chegou ao seu barco.
ENQUANTO CRISTO DORMIA – me chama muito a atenção neste texto é o fato que enquanto tudo isto acontecia, Jesus dormia um sono tranqüilo sobre uma almofada. Até parecia que o mestre estava em outros mares, e em outro barco. O labor intenso dos discípulos correndo de um lado para outro, ondas inundando o barco, gritos por toda parte: virar velas, abaixar velas. Cristo porém dormia na popa do barco. Quando os discípulos acordaram o mestre de forma tão afoita, foram necessárias apenas duas palavras para que houvesse grande bonança: “cala-te, aquieta-te”.
Que lugar Cristo ocupa na tripulação da nossa vida? Quantas vezes deixamos Cristo na popa? O quadro poderia ser muito diferente, os discípulos poderiam estar dormindo tranqüilamente enquanto Cristo conduzia o barco. Irmãos, quando Jesus assume o leme da nossa vida, ele reserva pra nós um lugar seguro e de muita calma e descanso no porão. Enquanto o Senhor dirigir a sua vida, haverá sempre uma aconchegante almofada onde você poderá deitar sua cabeça e desfrutar de paz. Jhon Wesley disse: “Deus não fará absolutamente nada até que alguém ore”.
A CORREÇÃO – “Porque sois tão tímidos? Ainda não tendes fé?” – A palavra “tímido” que aparece aí, é o antônimo de “ousado”. Aprendemos com isso que a fé nos torna ousados. Foi a fé que levou um rapazinho declarar guerra a um gigante, foi a fé que levou uma mulher a acreditar que apenas um toque na veste de Jesus poderia lhe tirar doze anos de sofrimento, foi a fé que levou o pequeno exército de Gideão vencer tão grande batalha.
Existem centenas de promessas na bíblia, e todas elas feitas por Deus que estabeleceu-nos a seguinte condição: “tudo o que pedires, crendo, recebereis”. Basta sermos mais ousados, darmos a Cristo o leme da nossa vida, e então descobriremos a bonança que ele nos reserva na popa do barco. Os discípulos tiveram muito medo, sofreram muito e até desnecessariamente por um único motivo, eles se esqueceram do que Jesus havia dito: PASSEMOS PARA A OUTRA MARGEM.
Observe que não existem dúvidas quanto ao destino. Jesus não disse: que tal irmos para o meio do mar e afundarmos todos juntos. Também não prometeu um delicioso passeio num veleiro, mas ele garantiu que chegariam do outro lado. Irmãos, Deus nos espera na outra margem, e Jesus nos prometeu que chegaremos lá, com dificuldades, com tempestades, mas nós alcançaremos a outra margem, e lá há alguém que enxugará dos nossos olhos toda a lágrima.