Sede de comunhão

“A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo: quando irei e me verei perante a face de Deus?” Salmo 42:2.

Uma leitura descuidada deste texto pode gerar interpretações equivocadas. O que será que Davi realmente queria externar com estas palavras? De imediato podemos pensar que Davi chegou ao seu limite e estava querendo morrer, quando ele pergunta a si mesmo: “Quando irei e me verei perante a face de Deus?” Mas não era este o pensamento que ele tinha quando escreveu este salmo. Analisando o contexto, no versículo anterior deste salmo (verso 1), Davi escreve: “Como suspira a corça pelas correntes das águas, assim, por ti, ó Deus, suspira a minha alma.”

O desejo ardente de Davi era ter comunhão íntima com Deus! Não era um desejo de morrer logo e deixar de enfrentar as dificuldades nesta vida. Davi anelava uma proximidade com Deus que nunca tinha experimentado antes. Os termos e expressões que Davi usa são fortemente denunciadores da sua necessidade incessante de Deus. Ele se compara à corça, que procura ofegante um ribeiro para saciar a sede. Há neste texto uma completa ruptura com os padrões superficiais de comunhão com Deus, tão presentes hoje nos cristãos professos. Quando a alma chega ao ponto de suspirar por Deus, como a corça em busca de água, a comunhão com Deus se torna o maior bem e o maior prazer que podemos desfrutar. Aqui cabe uma pergunta bem pessoal: A sua alma suspira por Deus? Você sente necessidade de estar em comunhão com Deus constantemente?

O cristão que cultiva a superficialidade no seu relacionamento com Deus não consegue viver bem, pois a essência da vida cristã é a comunhão com o Senhor. A superficialidade gera máscaras: máscaras de religiosidade. Para combatermos a hipocrisia, que corrói o nosso coração, precisamos suspirar pela comunhão íntima com Deus. Na presença de Deus, em comunhão com Ele, somos transformados no projeto original que ele tinha para nós: expressarmos o reflexo de Sua Glória.

Em nossa alma precisa existir esta sede a qual Davi se referiu: “A minha alma tem sede do Deus vivo.” Esta sede (necessidade vital) é o ponto de partida para termos comunhão plena com Deus. Veja bem: é impossível atravessar um deserto sem sentir sede. Da mesma forma, se torna extremamente arriscado atravessar o deserto da vida, sem suspirarmos pela presença constante do Senhor. Erramos tolamente quando saciamos esta sede (ou melhor, pensamos que saciamos) nos dias de domingo, envolvidos em alguma programação religiosa. Vida de comunhão com Deus é construída diariamente, sob o sol escaldante do deserto da vida. É neste deserto que Deus quer nos ensinar que dependemos exclusivamente d’Ele e de mais ninguém. Ter sede de Deus neste deserto escaldante nos leva a fazer a mesma pergunta que fez Davi: “Quando irei e me verei perante a face de Deus?” Uma pergunta auto-reflexiva que serve para mim e para você hoje também. Você está pronto para responder “agora” ao “quando” que Davi interroga neste salmo?

Então, busque a face do Deus vivo sem demora. Não deixe que sua alma fique ressequida, sem experimentar as delícias da comunhão com o Senhor, a Fonte de águas vivas. Esta sede não se sacia em outra fonte.

Leituras adicionais: Jeremias 2:13; João 4:13,14; Salmos 63:1

por Marcos Aurélio Melo