Amigos, vocês já repararam como nós nos acostumamos a engolir conceitos e repeti-los sem muita reflexão? Você começa a olhar em volta e ver o que as pessoas pensam sobre as coisas mais importantes da vida e vai percebendo como vivemos em meio a um lugar-comum de falácias. Nossos púlpitos pregam mais ou menos a mesma coisa e qualquer voz discordante é sempre vista com desconfiança. Atiramos primeiro para perguntar depois. Qualquer colocação diferente do que estamos acostumados nos choca. Nem nos damos ao trabalho de considerar o que ouvimos.
Não se pode dizer nada diferente do que tem sido o trilho batido de outros tempos. Mesmo que este trilho batido não esteja levando a lugar nenhum. Eu fico impressionado com a reação de algumas pessoas àquilo que eu falo e escrevo, especialmente por perceber que a razão da maioria dos contraditórios não tem qualquer fundamento bíblico. Não gostam porque não gostam. Não há motivo bíblico. Não há argumento doutrinário. Simplesmente é porque alguma coisa que nunca foi dita, pelo menos não daquela maneira, escandaliza suas mentes. Talvez é porque eles não estão acostumados a usá-las. Reclamam da “forma” como eu coloco as coisas, mas no fundo isto é somente uma desculpa para não considerar o que está sendo dito.
No início de Colunet, cinco anos atrás, eu me divertia ao ver as pessoas fazendo ginástica para tentar descobrir a quem eu estava “tentando acertar”. Como se fosse esse o meu propósito ao aceitar a proposta do Cara do Site para manter aqui uma coluna semanal ou como se eu precisasse usar qualquer tipo de tribuna para mandar recado a quem quer que seja. A “arapongagem” correu solta por muito tempo. Era um tal de imprimir cópias dos meus artigos para serem levados para a “censura” dos sisudos “líderes”. Eu recebia e-mails e telefonemas de gente dos lugares mais variados do país me agradecendo por ter “escrito sobre o Fulano de Tal” e outros indignados pelo mesmo motivo. Às vezes eu nem conhecia o sujeito ou nunca tinha estado lá.
Pouco a pouco, fui entendendo que isso era o meu atestado de idoneidade. Se tanta gente diferente, em tantos lugares diferentes podia relacionar meus textos com suas realidades, é porque havia uma análise realista da situação. Não estava inventando nada. Afinal, para quê perderia meu tempo para escrever sobre abstrações que nada tinham a ver com a realidade que vivemos? Eu procuro sempre refletir sobre o presente, sobre o que acontece de verdade. Claro que as pessoas vão achar que é para elas. E, de certa forma, é mesmo! É exatamente para isso mesmo que eu escrevo: para que cada um, inclusive eu, reflita seriamente sobre a vida que levamos. Eu falo sobre aquelas coisas que todo mundo sabe que estão aí, mas que ninguém fala. Acham melhor ficar em cima do muro. Canso de ver gente que não se compromete, mas que também não realiza. Preparam-se a vida inteira, mas para ser o quê? Gatos noctâmbulos ziguezagueando por entre os muros da vida, miando para a lua?
Quando a gente faz isso, esbarra-se numa tremenda e assustadora dificuldade: a dificuldade de querer pensar. Parece até que a fé exclui por completo o raciocínio e a lógica. Parece que é proibido pensar de um jeito diferente. Esquecemos de que a fé nos permite entender que o universo foi formado pela palavra de Deus. Interessante que a fé não nos permite explicar, mas entender. É o uso consciente e decidido da mente, este extraordinário recurso com o qual o Criador nos dotou.
Normalmente prefere-se pegar o caminho fácil e condenar Galileu à fogueira da inquisição como herege do que refletir se a Terra pode ser mesmo redonda. Por um momento, achei que esta fase tinha passado. Pensei que o perfil dos meus leitores tinha se delineado, de maneira que estaria lendo quem gosta e quem não gosta já tinha me deixado em paz e voltado para o seu dia-a-dia. Ledo engano. A “espionagem” continua ativa e operante.
Descobri que existe uma classe de pessoas, quase uma casta, com a qual não adianta perder tempo. É uma turma obstinada, incurável. Não vale a pena gastar energia para fazê-los mudar de idéia. Já decidiram o que querem. Talvez seja mais correto dizer que, na verdade, até agora não descobriram o que querem. Observe atentamente um detalhe importantíssimo: desta classe não fazem parte apenas pessoas de cabelos branco, analfabetos ou broncos. É um erro preconceituoso pensar assim. Também tem gente estudada, formada, jovem. Alguns até com um discurso de modernidade nos lábios, mas com uma prática mais antiga do que a da casta citada. São os mais perigosos, porque são dissimulados. Fingem andar com você, dizem que querem algo mais, mas na verdade estão com o coração e a cabeça no Egito. Não se desligaram do passado, das tradições e das manias de antes. Sabe aqueles filmes de invasão de crocodilos, que no final, quando tudo se acalma, aparece um ovinho quebrando no fundo de uma tubulação de esgoto, mostrando que vai começar tudo de novo? Então, é isso.
Vou continuar questionando. Vou continuar me indignando. Vou continuar reclamando. Não pretendo mudar de estilo. Os que não gostam, que mudem de canal. Os que lêem a coluna apenas para falar mal, vão certamente encontrar muito material para satisfazer seu intento, pelo menos enquanto continuarem a usar suas cabeças apenas para colocar chapéu (ou véu).
Mas para vocês, a quem quero de fato atingir, influenciar, desafiar, despertar, contagiar a fim de que consigamos juntos transformar, impactar, marcar, salgar e iluminar a nossa geração, continuarei escrevendo, enquanto Deus me conceder esta graça e o Paulinho continuar corajosamente publicando.
Pensando bem:
“Novas opiniões são sempre suspeitas e normalmente sofrem oposição, sem nenhuma outra razão a não ser que elas ainda não são comuns” John Locke