É, eu aprendi a confiar no Senhor Jesus. Não foi fácil, eu confesso, mas eu consegui. A maior dificuldade que tive foi pela forma que Jesus trabalhava diante das situações difíceis. Segundo os evangelhos, a primeira vez que o vemos em ação é em um casamento na cidade de Caná, uma pequena cidade que ficava uns 6 Km ao norte de Nazaré (Jo 2.1). Tudo corria bem naquela festa quando de repente o vinho acabou. Imagine só a vergonha do noivo, a festa ainda estava no meio e o vinho já acabou. Talvez ele tivesse calculado mal a quantidade de vinho para o número de convidados. Bom, o que acontece é que a mãe de Jesus, ao ver essa situação constrangedora, foi pedir a ajuda do seu filho, mas, pasmem, a atitude dele é estranhíssima: “Mulher, que tenho eu contigo? Ainda não é chegada a minha hora”. Por algum motivo, Maria mostra mesmo assim confiança de que Jesus irá se compadecer da situação: “Disse então sua mãe aos serventes: Fazei tudo quanto Ele vos disser”. É, não resta dúvidas de que as mães conhecem bem seus filhos. Depois desse momento de tensão, Jesus pede que encham de água as talhas e levem ao dirigente da festa. Quando este provou da água tornada em vinho disse: “Todo homem põe primeiro o vinho bom e, quando já tem bebido bem, então o inferior; mas tu guardaste até agora o bom vinho”. Aqui eu aprendi a primeira lição sobre o que significa confiar em Deus: “Os propósitos dele são centrados em nossas necessidades”.
Como Pai misericordioso nosso Deus tem seus planos baseados em suprir as nossas mais simples necessidades. Veja bem, não nossas vontades, mas necessidades. Senão vejamos, de repente é colocada em jogo a missão do Senhor de apresentar-se como Messias salvador do mundo no momento oportuno, por uma simples falta de vinho em uma festa de casamento. A questão são as coisas e as pessoas que estão envolvidas ali, e um olhar mais atento nos fará lembrar de quem estava com Jesus. Sua mãe e seus discípulos (V.2). Talvez para firmar uma confiança de seus discípulos de que Ele era o Messias, Jesus vê neste momento uma boa oportunidade. É um milagre simples, sem muito espetáculo. O Senhor não faz uma oração, não impõe mãos e nem fala palavras especiais. Ele apenas pede que encham as talhas de água e depois sirvam aos convidados. Para os discípulos é o suficiente para crerem nele (V.11).
Havia mais que a necessidade de vinho para a festa naquele momento: era a necessidade de confiança por parte daqueles homens que estavam começando a seguir Jesus de que Ele era o Messias. Na verdade, no intimo aqueles homens só queriam um sinal para que a esperança que eles estavam depositando naquele homem pudesse transformar-se em confiança. Um pequeno sinal pode nos trazer confiança de que o Senhor está em nosso meio, está vivo e presente em nossas vidas. Um pequeno, mas significativo milagre, pode falar mais que centenas de palestras sobre a existência de Deus. E esses milagres acontecem todos os dias.
Às vezes paro para pensar o que aconteceria se os corações daqueles homens não estivessem pré-dispostos a acreditar no Senhor. Eles poderiam ver aquele milagre como um truque. Por isso creio piamente que para confiar no Senhor é preciso querer confiar. A confiança é baseada na fé e jamais a fé será autêntica se alimentada por outra coisa que não a simples confiança.
Quando passei a perceber os simples milagres de Deus, vi o quanto grandioso cada um deles era, e o quanto traziam a presença viva do Senhor em meu viver. Quando meu filho acorda no meio da noite com uma terrível tosse em virtude de sua alergia a uma série de coisas, em nosso desespero ao ver o seu sofrimento, eu e minha esposa oramos a Deus pedindo que Ele faça aquela tosse passar. Ao ver nosso filho acalmando-se aos poucos, é impossível não sentir a presença de um Pai tão maravilhoso, que se importa com a dor de um casal e seu filho, que clamaram por seu socorro cheios de confiança de que seriam ouvidos. Foi nesse cuidado nas pequenas coisas que pude acreditar e confiar na sua presença e poder em nossas vidas em toda e qualquer situação.
por João Eduardo Cruz