Amigos, a maioria de nós já ouviu falar no grande pregador do século 19, Dwight L. Moody. Grande evangelista, ele revolucionou o conceito de “evangelização”, preconizando grandes cruzadas que introduziram um jeito inovador de abordar as pessoas com o Evangelho de Cristo. Como tudo o que é novo, nem todo mundo gostou. Ele recebia críticas mordazes e acusações falsas de todos os lados.
Um dia, uma senhora chegou para ele ao final de uma pregação e lhe disse: “Sr Moody, eu não concordo com os seus métodos de evangelismo”. Moody pensou por alguns instantes e respondeu com outra pergunta: “Minha senhora, qual é o seu método de evangelismo?” Meio sem-graça, a mulher respondeu: “Bem, eu não tenho um método próprio”. Ao que o pregador retrucou: “Ok. Neste caso, eu prefiro o meu”.
Esta é uma das histórias mais interessantes que já ouvi na vida. Primeiro, porque se trata de fato real. Segundo, porque ilustra sintomaticamente o que acontece no meio do povo de Deus em todas as épocas. A coisa mais fácil que tem é criticar, não gostar, discordar ou achar defeito naquilo que alguém está fazendo. A coisa mais difícil é ajudar a fazer, ombrear, ser solidário, participar efetivamente. É muito mais confortável agir como arquiteto de obra acabada do que debruçar-se na frente da prancheta, com lágrimas e oração, para projetar o que seremos se continuarmos a fazer do mesmo jeito. A questão é que D.L.Moody eu sei quem é, o que fez e o que nos deixou como legado. Essa senhora? Bem, entrou para a história como apenas “uma senhora”, da qual sequer sabemos o nome. É verdade que Deus usa os anônimos também. Muitas histórias boas têm protagonistas que são ilustres desconhecidos. Mas ela poderia ter dormido sem essa.
Nós vivemos uma época estranha na história da igreja. Ninguém quer assumir nada. Fugimos de compromisso, de prazos, de coisa séria. E reclamamos como meninos mimados dos métodos alheios. Quando somos argüidos, respondemos como aquela senhora. Não temos nada melhor para oferecer, mas mesmo assim não reconhecemos que existem pessoas que podem oferecer uma proposta diferente.
Qual é o seu método? Como você está fazendo as coisas? De que maneira você tem contribuído para o progresso do Reino em sua área? Qual é o nível de compromisso que você tem com Deus e com Seu serviço santo? A quantas andam as coisas que você pegou para fazer? Se você não pode responder consistentemente a estas perguntas, a última coisa que deve se atrever a fazer é criticar o que outros estejam fazendo. Por mais razão que você eventualmente tenha, para criticar ou reivindicar mudanças de qualquer ordem, vai continuar lhe faltando o principal: autoridade. Você vai ser obrigado a engolir em seco a resposta “se você não tem um método melhor, eu prefiro o meu”.
Viajei o bastante para ouvir reclamações de jovens por todo o Brasil (se bem que para ouvir reclamação nem é preciso sair de casa). Em geral, as reclamações são parecidas. Reclamam de espaço, de falta de oportunidades, da centralização excessiva, da monopolização dos ministérios apenas nas mãos de pessoas mais velhas, do tradicionalismo, da falta de visão. A maioria desses jovens tem razão. As coisas são daí para pior. Eu poderia acrescentar, como tenho feito muitas vezes, “n” itens à lista.
Mas tem o outro lado. Ouço também da parte de líderes sérios e comprometidos com Deus que nem sempre se pode contar com uma parte significativa destes mesmos jovens. Estão tão envolvidos com sua própria agenda, dizem eles, que nunca sobra tempo para o Reino. Há lugares onde não falta espaço nem oportunidades, onde lideranças mais jovens e arejadas clamam por envolvimento e “abrem vagas” em todos os setores, mas não se acha quem queira levar a coisa a sério. Acham-se, no mais das vezes, pessoas que assumem, mas querem levar as coisas na “flauta”, sem muito daquilo que chamam de “estresse”. O lance é fazer do jeito que dá. Mas continuam reclamando. Aí não. Aí já é a história da mulher que falou com Moody.
Pode ter certeza: a coisa que um pastor ou presbítero mais quer ouvir dos membros de sua igreja, as palavras “mágicas”, verdadeiramente revolucionárias, carregadas de um poder intenso e inigualável são: “Como posso ajudar?” Por isso, só reclame depois de ter certeza de que você já fez isso de coração sincero e pronto para ajudar NO QUE FOR PRECISO. Se depois disso você perceber que sua ajuda foi dispensada, que você foi desprezado, que ninguém deu bola, então pegue seu boné e vá para um lugar melhor.
Até lá, sua obrigação é fazer a sua parte.
Pensando bem:
História real: um líder de jovens está em casa, 10 horas da noite de sexta-feira. Toca o telefone. O líder de louvor pede ajuda para descarregar uns equipamentos de som que acabaram de chegar. O jovem recusa. Está preparando lição para a Escola Dominical. O ministro de música diz: “Puxa, que pena. É que estamos terminando a gravação do CD da igreja e depois de descarregar o equipamento a gente ia pedir para você participar de uma das faixas” O jovem dá um pulo. “Ah, então estou indo praí”. Sabiamente, o ministro dispensa. Quem não está disposto para carregar caixas, não serve para cantar no CD.