Em entrevista ao jornal O Globo a jornalista Rachel Sheherazade afirmou que pode ganhar um programa de caráter opinativo e informativo. A decisão de não deixar que os âncoras do “SBT Brasil” opinem partiu da direção da emissora diante da pressão política.
“Tivemos uma reunião com a cúpula da emissora, e essa solução nos foi apresentada para proteger a minha imagem profissional”, disse a jornalista que entendeu a mudança adotada pelo canal.
Apesar dos descontentamentos com as opiniões da jornalista, a audiência do jornal cresceu e houve também aumento de anunciantes. “A fórmula de reunir, em um único produto, notícias e opiniões foi um sucesso. Mas, a televisão é um mundo em constante movimento. É preciso estar preparado e aberto a toda mudança”, disse.
Sheherazade foi contrata pelo SBT justamente por conta de seus comentários que a destacaram quando ela trabalhava na transmissora do SBT em João Pessoa (PB). Há três anos Rachel e sua família se mudaram para São Paulo para que ela pudesse trabalhar na sede do SBT como âncora do principal telejornal da emissora.
Com a mudança Rachel e o jornalista Joseval Peixoto só poderão ler os editoriais escritos pela equipe, representando a opinião da emissora diante das notícias. Rachel afirma que ficará muito à vontade para cumprir esse novo papel, pois esta também é uma função do âncora.
Mas apesar de não deixar sua opinião no ar, ela continuará sendo um profissional de opinião. “A forma de um jornal não muda a essência do seu jornalista. Continuo sendo uma profissional independente, corajosa e de opinião”.
Pressão política
A decisão da emissora não foi tomada a pedido do público e nem dos anunciantes. Sheherazade deixa claro que nunca foi pressionada pelos telespectadores, mas sim por partidos políticos.
“Não houve pressão dos anunciantes. A única pressão foi política, vinda de dois partidos PSOL e PCdoB, que ingressaram com representações contra minhas opiniões na TV aberta”, disse.
Os deputados federais Ivan Valente e Jandira Feghali, ambos do PSOL, pediram o afastamento da jornalista da TV por conta de uma opinião dada por ela ao comentar o caso do jovem infrator que foi preso em um poste no Rio de Janeiro por “justiceiros”.
Sheherazade disse que era compreensível a atitude da população diante da falta de ação do Estado em barrar a violência, mas para os deputados a jornalista fez apologia ao crime.