Amigos, quando eu falo que o mundo anda de ponta-cabeça, ninguém acredita. Nos Estados Unidos, assassinar criança por aborto é legal. Mas tem um camarada que um dia desses matou uns gatos e vai passar 12 anos na cadeia. Hoje aqui (li a notícia na Internet, porque não sou telespectador da dita cuja) a apresentadora global Ana Maria Praga chorou “copiosamente” por causa da morte da sua cadela que morreu afogada. É impressionante. Pensei que ela estivesse chorando pelo brasileiro morto em Londres ou pelo menos pelo Ronald Golias.
Acho normal que a gente se apegue a animais de estimação. Gosto de cachorros e pássaros. No momento não tenho nenhum, por morar em apartamento. Mesmo sendo permitido, acho uma judiação criar cachorro preso desse jeito, por isso não tenho. Não acho certo maltratar animais, usar de crueldade etc. Mas daí até chegar no que disse a diretora de uma sociedade protetora dos animais americana, que não entende porque se faz tanto barulho por causa de 6 milhões de judeus mortos pelos nazistas, enquanto 6 bilhões de frangos seriam mortos somente neste ano. É inacreditável que alguém seja capaz de uma comparação como essas. Como diz Collor de Mello a respeito de Itamar Franco, essas coisas tornam difícil provar a existência de vida inteligente na terra.
Nossa sociedade está próxima da barbárie: passou a tratar animais como gente e gente como animais. Enquanto se banaliza a vida humana, dá-se um valor aos animais que é acima de qualquer explicação plausível. Gasta-se mais com ração para cães e gatos no Brasil do que se gasta, por exemplo, com educação. Tem ativista que propõe “morte aos açougueiros” se eles continuarem matando bois. Quer dizer, na avaliação dessa gente, um boi vale mais do que um açougueiro. Veja estes números:
- Os americanos já gastam com seus cães, gatos e toda uma fauna doméstica 30 bilhões de dólares anualmente, mais que o PIB do Equador. Atualmente, uma família americana de posses chega a gastar 10.000 dólares por ano para manter a qualidade de vida de seu animalzinho.
- O Brasil tem a segunda maior população mundial de bichos de estimação, perdendo apenas para os Estados Unidos. Em 2003, foram gastos R$ 14 bilhões no país em produtos e serviços para animais domésticos. Enquanto isso, o orçamento da merenda escolar para o ano de 2005 foi de R$ 1,4 bilhão (dados do JB Online), cerca de R$ 0,18 (por aluno/dia). Em 2001 foram gastos R$ 1,8 bilhão em sistemas de esgoto e abastecimento de água. Para o programa Saúde da Criança e Aleitamento Materno, foram gastos R$ 13 milhões, não bilhões, milhões.
Vamos deixar claro: cuidar bem dos animais é uma coisa. Gastar e devotar a eles mais afeição e dinheiro do que estamos dispostos a fazer com seres humanos que passam fome é uma coisa completamente diferente. Acontece que é mais fácil cuidar de um cãozinho do que de um adolescente. Um cão não responde mal ao dono, não tem hora para chegar, não usa drogas nem tem amigos da pesada. Cães não nos decepcionam, porque também não geramos expectativas a respeito deles. É por isso que se diz que “mais vale um cachorro amigo do que um amigo cachorro”.
Seja como for, gente vai ser sempre gente e bicho vai ser sempre bicho. Na hora em que a gente não conseguir mais fazer essa diferença, como já está acontecendo, estamos mesmo no fim do mundo.