Na foto original, reproduzida acima, lê-se: “I THINK I MAY NEED A BATHROOM BREAK. IS IT POSSIBLE? (Preciso de uma pausa para ir ao banheiro. Tem jeito?)”.
Amigos, poderíamos creditar o episódio a mais uma daquelas coisas que jornalistas desocupados costumam criar. Mas não dá para passar batido. Na semana passada o poderoso Bush, um dos homens mais poderosos e influentes do mundo, foi flagrado por um repórter da agência Reuters, em plena reunião de cúpula da ONU, pedindo para a dona Condolência Arroz, sua fiel escudeira, dar um jeitinho para que ele pudesse fazer pipi no banheiro. Quer dizer, não ficou claro se era número 1 ou número 2.
Nada mais natural. Acontece com todo mundo. Mais dia, menos dia, tudo o que entra tem que sair. Só não se sabe exatamente a que horas e de que jeito. A natureza é um relógio cruel. Não tente lutar contra ela, porque você acaba se dando mal. Digo com certa experiência no assunto. Não importa quem você é, qual o cargo que ocupa, qual o seu endereço ou sobrenome. Menos ainda importa onde você está. Pode ser uma festa, um almoço de negócios, o primeiro encontro com uma namorada. Quando chega a hora, não tem quem segure. O negócio é se livrar do incômodo o mais rápido possível, achando uma “pausa para banheiro”, para usar o vocabulário de George. Esta é uma das poucas coisas realmente democráticas e sociais no nosso mundo. Não precisa ficar constrangido, Mr. President. A gente consegue se identificar com o senhor. Todos nós já passamos um aperto desses na vida. Para alguns, não deu tempo nem de escrever um bilhete. É a vida…
Nessa hora, o grande presidente dos Estados Unidos da América, se igualou às criancinhas da pré-escola, aos alunos de uma escola dominical ou ao mais humilde dos pedintes do Central Park. E você, caro leitor, pode dizer a partir de hoje que tem algo em comum com o presidente dos Estados Unidos da América. Os grandes líderes também têm suas pequenas necessidades. Os poderosos também. Já aconteceu com o rei Saul e com Eglom, o rei gorducho que morreu, literal e figuradamente, sentado no trono.
O bilhetinho do Bush nos faz lembrar de uma coisa essencial: não existe gente importante. Existem cargos importantes. Você é considerado mais do que alguém somente por causa do crachá que traz pendurado no peito ou da plaquinha na porta ou em cima da mesa do seu escritório. De resto, somos todos iguais. Não existe um único ser humano que não tenha nascido de mulher. Reconheço que seja difícil de acreditar nisso em certos casos, mas o fato é que todos tivemos uma gestação de aproximadamente 9 meses. Todos nascemos carecas e banguelas (alguns continuam assim), tínhamos um treco nojento pendurado na barriga (que alguns adolescentes andam substituindo por pedaços de ferro) e nossa única capacidade de comunicação durante um bom tempo era o choro (que dizia mais do que muito bate-papo dos tempos modernos). Existem muito mais coisas que nos igualam do que coisas que nos diferenciam.
Faz muito bem lembrar disso de vez em quando, não importa o “cargo” que você ocupe na vida. Se estiver entre os cargos de destaque, poder e projeção, nunca se esqueça de que você não vale mais do que ninguém. Seu cargo, talvez. Pode ser que sua posição seja socialmente melhor reconhecida, mas todos os outros pirâmide abaixo têm o mesmíssimo valor pessoal. Se estiver entre aqueles que são chamados de “a base da estrutura social”, não se abata por isso. Ninguém vale mais do que você. Cada um de nós é come-feijão igual a qualquer outro.
Lembre-se disso (se tiver tempo) na próxima vez que precisar ir ao banheiro.