Sou um homem defeituoso. Por natureza. Andando comigo mesmo há mais de 40 anos, posso lhe garantir que sei muito mais coisa a meu respeito do que gostaria. Por isso, tenho dito sempre: se quiser falar mal de mim, não se esqueça de me chamar. Tenho informações quentíssimas sobre mim.
Venho aprendendo algumas coisas sobre a minha própria e curta existência.
Tenho mais dificuldade de reconhecer meus defeitos do que estou disposto a admitir.
Estou longe de ser quem eu gostaria, mas já fui bem pior.
Meus defeitos principais raramente são identificados por terceiros. Em geral, quando me apontam um defeito, estão coando o mosquito e engolindo o camelo.
Sou pior do que meus amigos pensam e um tanto melhor do que meus inimigos imaginam.
Sou , enfim, um ser em construção. Não posso me conformar com o que já conquistei nem me desanimar pelo que ainda não conquistei. Não quero me desculpar com a vida nem exigir aos que me rodeiam que me aceitem “do jeito que eu sou”, porque isso seria supor que já está bom assim. Creio que Deus e meus semelhantes esperam um pouco mais de mim.
Pode ser que eu seja minoria, mas certamente não sou uma exceção. Pertenço a uma raça decaída, que ainda não foi totalmente regenerada. Por outro lado, pertenço a um povo santo, separado. O que me cabe fazer no tempo que ainda resta na carne é olhar para o alvo e seguir em frente.
Apesar de todos os meus defeitos.