Testemunhas da perseguição religiosa na China relataram à Comissão dos EUA sobre Liberdade Religiosa Internacional, que o país – que se prepara para receber os Jogos Olímpicos de 2008 – vem promovendo uma perseguição mais sofisticada.
Bob Fu, presidente da Associação de Ajuda à China, contou que o país continua a tomar posição contra as igrejas domésticas protestantes. No entanto, o governo chinês vem mudando a tática de perseguição. A pressão concentra-se hoje sobre os líderes das igrejas, diminuindo efetivamente o número de incursões e invasões a igrejas.
Outra nova estratégia desenvolvida na China implica em taxar as igrejas domésticas não-registradas como seitas e os cultos como rituais. Dessa forma o governo justifica a repressão.
“As táticas dos funcionários de segurança pública – interrogatórios imediatos, acusação de atividades criminais contra líderes de igrejas e a classificação de movimentos protestantes como seitas – sugerem que as autoridades chinesas estão mais preocupadas em parecer mais tolerantes em relação aos cristãos, aos olhos da comunidade internacional”, comentou Fu. “Contudo, o que parece ser menos, na verdade é uma mudança genuína de política externa”, completou.
O governo comunista chinês só reconhece igrejas registradas oficialmente, sob a determinação de protestantes ou católicas, que estejam sob sua administração direta. Muitas igrejas têm se recusado a fazer o registro, alegando que Cristo é o cabeça na igreja, e não o governo chinês. Além disso, muitas igrejas católicas não se registram como uma associação católica do governo porque esta não reconhece a autoridade do papa.
Insistência em favor dos direitos humanos
Joseph Kung, presidente da Fundação Cardeal Kung, relatou à comissão sobre prisões, torturas e desaparecimentos de bispos católicos que atuam clandestinamente em igrejas domésticas na China.
Kung enfatizou o caso do bispo Su Zhimin, um importante líder da Igreja Católica Romana e que lidera outras milhares de igrejas não-registradas oficialmente junto ao governo chinês. Su Zhimin foi preso em outubro de 1997. Certa vez sofreu um espancamento a ponto de perder a audição. Até hoje seu paradeiro é desconhecido, não se sabe nem mesmo se ele continua vivo.
Sharon Hom, diretora-executiva de Direitos Humanos na China, concluiu o painel de discussão enfatizando que os Estados Unidos e os governos do ocidente não devem apoiar a promoção dos direitos humanos na China. “O governo chinês está usando a linguagem dos direitos humanos”, disse Hom. “Se eles estão usando a linguagem, mas ameaçam os direitos humanos, então não deveríamos retroceder em 2007”, disse.
Segundo ela, deveria ser dito aos representantes do governo chinês: “Vocês não assinaram esses documentos que falam sobre os direitos humanos? Então vamos conversar sobre como promover os direitos humanos. Gostaria de dizer que nós deveríamos realmente insistir e não retroceder”, defendeu Hom.
Outros que se pronunciaram foram: Michael Green, presidente do Centro de Estudos Estratégicos Internacionais e ex-diretor de Negócios Asiáticos do Conselho Nacional de Segurança; Erping Zhang, presidente da Associação de Pesquisa Asiática; Bhuchung Tsering, vice-presidente da Campanha Internacional pelo Tibete e Kamila Telenbidaeva, esposa de Huseyin Celil, da Associação Canadense Uyghur.
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