Amigos, rendi-me à pressão e às evidências. Sei que “o exercício físico para pouco é proveitoso”, mas sei também que nosso corpo precisa de seus cuidados. Uma vida sedentária não é uma boa opção para cuidar dele. Nunca fui afeito e até tenho uma certa implicância com a onda de “academite” que assola o nosso mundo ocidentalizado. Em qualquer cidade média brasileira parece que tem mais academia de ginástica do que escolas públicas. É impressionante. E a gente se vê obrigado a pensar que se não fizer algum exercício, todo mundo vai acabar morrendo. Não sei se é bem assim, mas, na dúvida, resolvi fazer a minha parte. Rufem os tambores. Parem as máquinas. Acabei de me matricular na academia do bairro.
Coisa incrível. Plena quarta-feira de manhã e está cheio de gente mexendo o esqueleto. Esse pessoal não trabalha, não? Bem, se eu posso estar lá nesse horário e trabalho, deve ser o caso deles também. Tem gente de todas as idades. Tem velho, moça, careca, cabeludo, gordo, magro. Para todos os gostos e tamanhos. E agora… tem eu.
Fui até lá por causa de uma meta pessoal que estabeleci há dois meses. Preciso perder 12 quilos. Este é o meu sobrepeso. Se você acha pouco, experimente andar com dois sacos de arroz amarrados na cintura. Depois de uma semana você me conta se faz diferença ou não. Sozinho, é difícil. Parar de comer é uma luta. Então, para emagrecer, vou engordar a conta do dono da academia. Talvez isso ajude a manter a disciplina.
Hoje foi o primeiro dia de aula. Estou vivo, ainda. O curioso é que quando cheguei em casa de volta, minha filha mais nova olhou para mim de cima em baixo e disse: “Puxa, papai, como você já emagreceu, hein??” Eu olhei bem para ela, para ver se ela falava sério ou se zombava de seu roliço papai. Falava sério. Pelo menos serviu para me dar o mote do artigo da semana. Quem dera fosse fácil assim! Uma aulinha de meia hora e pronto. Lá se vão os quilinhos a mais.
Estou bem consciente de que não é assim que funciona. Será preciso uma boa dose de determinação, disciplina, suor, disposição e alguns reaizinhos a menos na conta para esse alvo ser alcançado. É impressionante como a gente não percebe esses “extras” se incorporando à nossa silhueta. Eles não chegam de uma vez. Ninguém fica 12 kg mais pesado da noite para o dia. É a somatória de diversos fatores, ao longo de um tempo considerável (no meu caso 13 anos), que acabam desembocando nessa condição. Sedentarismo, comida fora de hora, sono desregulado e pouco, refrigerantes, chocolate, picanha e todas aquelas coisas boas da vida que engordam. A gente vai relaxando e quando se dá conta, já passou do limite. Voltar é que é duro. Reeducar a alimentação, adestrar os músculos, corrigir a postura, sair da letargia, isso tudo é bem mais difícil. O excesso de peso vem sozinho. A volta ao normal leva tempo e demanda esforço.
Essa luta física ilustra bem a dinâmica espiritual do ser humano. Ali acontece a mesma coisa. Os maus hábitos vão sendo instalados na nossa vida aos poucos. Vão chegando como quem não quer nada. Via de regra, são deliciosos, atrativos, apetitosos. A gente experimenta “unzinho” aqui, “outrozinho” ali. “É só hoje, não vai ser assim sempre”. “Esta vai ser a última vez”. E então vamos nos acostumando à coisa. Um dia sem oração, outro sem ler a Bíblia, uma semana ou duas sem comunhão com a igreja. Isso não vai me fazer perder a fé. De repente, os eventuais vão virando permanentes. Os quilinhos a mais vão se instalando e quando a gente percebe, já viraram parte de nós. Você os carrega para onde quer que vá.
Não é só a presença de Deus que nos acompanha onde quer que vamos. Nossa gordura extra, do corpo e de alma, também. Se subo aos céus, lá está a minha barriga a se esparramar pelas nuvens. Se faço a minha cama no mais profundo abismo, ainda lá me quebrará o estrado da cama com tanto peso. Se tomo as asas da alvorada, o sol não amanhece, de tão cansado que fica de me levar nas costas. E para voltar ao peso ideal, dá um trabalho…
Mas uma coisa é certa. O melhor a fazer é livrar-se desse inconveniente o mais depressa que se conseguir. Disciplinas que podem fazer a vida tornar-se, literalmente, mais leve e solta. Quanto ao corpo, chega uma hora que não é mais uma simples questão de estética. É uma questão de saúde, mesmo. Quanto à alma, chega uma hora que não é mais uma questão de “exibir espiritualidade”, mas de viver uma vida cristã de verdade, sem máscaras. É a hora de deixar a má vontade de viver para Deus e partir para uma vida mais dinâmica, mais cheia de poder, de ação, de experiências, de coisas para contar. É a hora de parar de ler os livros em que os outros contam como é bom ser cristão autêntico e passar a escrever a sua própria história.
Então, siga este conselho: alimente-se bem, durma bastante e faça exercício. Para o corpo, para a alma e para o espírito.