Ego

Sorrateiro como uma serpente, ele sai da jaula facilmente. É feio, me envergonha. Mas na maioria das vezes eu o amo ardentemente. É o que me distancia do meu Senhor. Ego, Ego, que grita mais alto que o Santo Espírito de Deus que então se recolhe no fundo da minha mente para não desrespeitar o meu livre arbítrio. Ego que me faz acreditar que eu posso comandar meu caminhar vacilante pela vida, crendo que sou capaz de chegar sozinho a algum lugar. Ego que teima em reinar no coração de quem não aprendeu que é feliz aquele que permite que todas as coisas possam convergir para Deus.

O difícil é alimentá-lo. É insaciável. Rouba-nos a paz e a alegria, tesouros tão preciosos da vida, colocados de lado em troca do ouro de tolo chamado Ego.

Escravos dos aplausos, prisioneiros dos elogios. Jesus deseja nos libertar disso, “maior é o que serve”. Arrebentando com o poderoso Ego humano, “como ovelha muda ele se entregou”, deixando que todas as coisas convergissem para o Pai. Ninguém foi mais feliz que Jesus.

Matar o Ego. Aprender a viver é esquecer de si mesmo, “quem perder a sua vida a achará”. Preciso urgentemente jogá-lo em um abismo que o deixe adormecido por todos os anos da minha existência. Não suporto mais sua fome de sucesso, poder e prestigio. Não quero saciá-la. Tenho fome de vida que é muito mais importante, pois traduzo vida como um prazer indescritível, que logicamente não pode ser encontrado em mim ou no mundo, mas na fonte de todo o prazer, o Criador do maravilhoso projeto chamado existência.

Ah! De que me serve o Ego, se tudo o que fizer sempre terminará em mim e eu sou absolutamente nada. Caminho para o nada se estiver sozinho. Se no trono da minha vida me vejo sentado, desconfio do meu reinado, pois não sei o que realmente quero ou o que deveria querer.

Não preciso do Ego, não preciso do “Eu governo”, mas do “Tu governas”; do “Eu me amo”, mas do “Tu me amas”. Não preciso viver para mim, mas para Ti, ó Deus.

por João Eduardo Cruz