Amigos, sabem aquelas histórias de pessoas que oram e Deus responde de uma maneira espetacular, milagrosa mesmo, de um jeito que não deixa dúvidas de que foi Ele e ninguém mais que fez aquilo? Você já chegou a pensar que essas coisas só acontecem nas biografias de missionários ou na vida dos outros, mas nunca com você? Eu já. Confesso que de vez em quando sou levado a pensar que existem coisas que Deus preparou somente para os outros, mas não para mim. Culpo a minha falta de fé, a minha pouca persistência em pedir o que preciso, culpo a mim mesmo por não orar o quanto deveria e assim por diante. Você se identifica comigo?
Fato é que nas últimas semanas encontrei um parceiro de oração. Um irmão com quem tenho me encontrado todas as manhãs para um tempo de comunhão, conversa e oração. Resolvemos começar a colocar diante de Deus pedidos específicos. Havia, por exemplo, duas necessidades financeiras para serem saldadas antes do final do mês. Nenhuma chance de conseguir isso no trabalho. Havia duas opções: o banco e suas excruciantes taxas de juros ou o joelho no chão. Aí, num desses encontros, descobrimos uma coisa interessante sobre oração. A Bíblia diz “Antes de tudo, usem a prática de súplicas, orações etc”. Por que, então, a gente deixa a oração para a última coisa a ser feita? Primeiro, a gente olha a conta, a previsão de faturamento, as taxas de juro, o telefone do gerente, a lista de amigos. Depois, se nada disso der certo, … bingo! A gente ora. Invertemos a ordem.
Não preciso dar detalhes, mas posso dizer que, incrivelmente, os dois pedidos foram respondidos naquela mesma base das histórias espetaculares das biografias que eu citei acima. A maneira como tudo aconteceu é simplesmente sobrenatural. É inacreditável. Não é que meus problemas todos estão solucionados até o ano de 2010. Continuo com outras necessidades. Elas sempre existirão. Mas estes dois já são parte do passado.
Espere um pouco. Por que a gente insiste em dizer que isso aconteceu “incrivelmente” (volte ao parágrafo anterior e releia cuidadosamente)? Por que isso é “incrível”, se foi justamente o que pedimos? Por que ficamos de boca aberta, como se fosse algo totalmente “inesperado”?
Porque na verdade não confiamos em Deus. Falamos que Ele cuida de nós. Cantamos sobre isso. Pregamos a respeito. Mas quando chega a hora de provar essa verdade na nossa vida prática, a gente nem sempre passa no teste. Falar sobre dependência de Deus é bonito e dá IBOPE. Viver na dependência de Deus é outra história, bem diferente.
Nós achamos que só dependem de Deus aqueles que vivem integralmente a serviço do Evangelho. Missionários, pastores, líderes de igreja. Eles vivem pela fé. Os outros podem até dizer que vivem também, mas no fundo, no fundo, a gente acha que eles vivem mesmo é do salário da empresa, do pró-labore, da aposentadoria ou do lucro dos seus negócios. Engano primário. A Bíblia não diz que “o missionário viverá pela fé”, mas que “o justo viverá pela fé”. Se você é justo, mano, aprenda a viver por fé.
Não deixe de estudar, nem de ralar para terminar a faculdade, nem abandone seu emprego ou deixe de concorrer àquela vaga por causa disso. Viver por fé não é viver sem fazer nada, esperando que as coisas caiam do céu. Até porque, a última coisa que caiu do céu só fez estragos por aqui. Viver por fé é seguir a vida sabendo, por experiência pessoal e intransferível, que Deus cuida de nós até quando a gente está dormindo. Tá bom, deixe-me explicar de novo: não precisa levantar depois das 10 da manhã por causa disso.
Mas também não precisa mais perder noites de sono, viver à base de psicotrópico, tornar-se um viciado em trabalho. Se você é justo, viva por fé. Creia que Deus está cuidando de tudo e vai fazer aquilo que você não consegue fazer. Descubra por si mesmo que Deus nem sempre vai fazer tudo aquilo que você quer, na hora que você quer, mas que certamente qualquer um de nós pode ter histórias para contar a respeito de coisas que Deus fez por nós que ninguém poderia ter feito, nem nos nossos sonhos mais escolhidos.
Se Deus acompanha o enterro de um pardal, não vai estar preocupado conosco?