Amigos, a estrela parece estar cada vez mais cadente. Os juros continuam altos, o desemprego continua nas ruas, a violência é insuportável e as denúncias de corrupção, tráfico de influências e bandalheiras alcançam as manchetes dos jornais e revistas do país. Nos depoimentos à CPI, os camaradas chegam para mentir de cara lavada, respaldados em habeas corpus, zombam não apenas do Congresso e do Senado, como do país todo. Em duas palavras: nada mudou. A CPI dos Correios é mais uma prova de que realmente o 1º mandato de Lula nada mais é do que o 3º mandato de FHC. Como o governo anterior dilapidou o patrimônio público e sumiu com o dinheiro das privatizações, não é mais este o problema. Agora vem à tona a promiscuidade do público com o privado. Surge a figura do Marcos Valério como o PC de Lula. Por sinal, ambos são carecas. É dos carecas que eles gostam mais.
Não que isso seja uma novidade. Caixa-dois em campanha é como o monstro do lago Ness: todo mundo sabe que existe, mas nunca ninguém viu. Não que seja justificável absolutamente. É crime e deve ser punido com rigor. De todos, não apenas do PT. É patético ver a tropa de choque da oposição que governou o país através dos mesmos expedientes, com os mesmos desmandos, por tantos anos agora posarem de mocinhos e defensores da ética. Ou já nos esquecemos dos deputados cassados por terem vendido seus votos na emenda da reeleição? Ou já nos esquecemos da pasta rosa? Ou já nos esquecemos das privatizações? Quase tudo foi para debaixo do pano. Esses aí já tiveram sua chance e mostraram que também não servem. Sentar no banco dos réus e ser colocado na parede por gente como ACM Neto não é brincadeira.
Mas igualmente patético é assistir à derrocada de um partido que até pouco tempo atrás parecia ser uma reserva moral no país. A grande questão que eu levanto, antes de qualquer outra, nem é o dinheiro movimentado ou como o Delúbio Soares (deixe-se bem claro que não há parentesco algum com o escritor desta coluna) conseguiu arrumar tanto dinheiro emprestado no fio do bigode, sem dar qualquer garantia. O grave para o governo e para o PT é que mais uma vez, como já aconteceu no caso Valdomiro, ao invés de esclarecer, reconhecer o erro e punir os culpados, eles preferiram entrar pelo caminho escuso de todos os outros partidos aos quais eles se opuseram durante toda a sua história. Salomão já ensinava: “O que encobre as suas transgressões, jamais prosperará; o que as confessa e deixa, alcançará misericórdia”. Isso vale para todos, desde um governo ou um partido político até a vida de cada um de nós e de nossas organizações e igrejas. A pior coisa que pode acontecer não é pecar ou escolher um caminho errado. A pior coisa é continuar nele teimosamente, é não tratar o problema, é fingir que tudo vai bem quando o caos já se instalou miseravelmente em todo o contexto ou tentar jogar a culpa nos outros.
Sorte de quem caiu fora antes, ou foi posto fora antes, como a senadora Heloísa Helena, o Babi e os outros, que foram à época rotulados como “rebeldes”. É por essas e outras que ser condenado e marginalizado pelos “caciques” da hora muitas vezes é um prêmio. Já disse aqui outras vezes, até prova em contrário, Heloísa é minha voz no congresso. Ouvi essa moça falando para o Dilúvio Só Ares tudo aquilo que eu queria falar e mais um pouco. Oro a Deus para que esta mulher continue a ter força e vergonha na cara para manter-se na coerência. Precisávamos de uma meia dúzia de homens com essa fibra nesse congresso. Pelo menos para deixar registrada a indignação de uma nação. O problema é que há poucos que podem erguer a voz e dizer o que ela diz, sem medo de serem “pesados na balança e achados em falta”. Aliás, estou mandando uma cópia deste artigo para ela, como uma forma de dizer publicamente: “Senadora, muito obrigado por estar aí no nosso lugar. Você representa o povo brasileiro com dignidade”.
Deve ser difícil para ela saber que tudo aquilo que ela empregou com sacrifício na vida para construir um ideal está sendo tratado dessa forma, só para conseguirem chegar ao poder.
Que a lição seja aprendida por todos nós.