Santidade em três dimensões

Jo 17.17

A doutrina da santificação é de grande importância porque está ligada a vida diária do cristão, sendo, portanto, uma consideração muito prática. O termo hebraico pode significar “brilho”, e esse conceito leva-nos a ideia de “luz” em contraste com as “trevas”, ou do bem com o mal. Na Escritura, a santificação tem um sentido primário e outro secundário. Sentido primário: dedicação, consagração ou separação para algum uso específico e santo. Ex. uma casa Lv 27.14; um campo Lv 27.16; os objetos do templo 2Cr 29.19; Os primogênitos de Israel Êx 13.2. Isto significa que estes objetos foram separados para uso exclusivo ao senhor, não podiam ser utilizados para outra coisa, isto não implica em uma purificação moral dessas coisas. Sentido secundário: limpeza e expurgo da corrupção moral. Esta é uma experiência progressiva, um processo e não mais uma condição. Podemos dizer então que existem três dimensões, ou aspectos da santificação.

O ato inicial da santificação: Posicional. No momento em que a pessoa nasce de novo, diz-se que ela é santificada. 2Ts 2.13, esta é a santificação posicional, nesse momento a santificação de Jesus é atribuída ao crente. Ele talvez não seja ainda santo na sua vida diária, mas a santidade de Jesus lhe é imputada. Os crentes são chamados santos a partir do momento em que são salvos. Ex: A igreja de Corinto, 1Co 1.2 “À igreja de Deus que está em Corinto, aos santificados em Cristo Jesus, chamados para ser santos…”, a igreja de Corinto estava longe de ser perfeita, de fato seus membros foram acusados de serem carnais e cometerem inúmeros pecados graves. Eram posicionalmente santos, tendo-lhes sido atribuída a santidade de Cristo. Todavia, não manifestavam absolutamente a santidade Dele em sua vida prática. A base desta santificação é o sacrifício de Jesus na cruz.

O processo da santificação: Prático. 1Ts 5.23 “E o mesmo Deus de paz vos santifique em tudo; e o vosso espírito, alma e corpo, sejam conservados íntegros e irrepreensíveis na vinda de Nosso Senhor Jesus Cristo”. Em Cl 3.8-12, o que possuíam posicionalmente deveriam buscar experimentalmente. Assim sendo, a santificação é um processo contínuo, através da vida inteira do cristão. O homem não é considerado santo por causa das coisas que ele não faz, ou seja, a Bíblia não diz em lugar algum que o crente irá, nesta vida, chegar um dia ao ponto em que não peque mais 1Jo 1.8 “Se dissermos que não temos pecado nenhum…” A carne jamais se torna espiritual, a carne do mais santo dos homens é a mesma dos maiores pecadores. É preciso haver uma conformação positiva à imagem de Cristo, Paulo afirmou: “… estou crucificado com Cristo; logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim…” A Bíblia diz em Rm 6.11 “Assim também vós considerai-vos mortos para o pecado, mas vivos para Deus em Cristo Jesus”. Este é o ponto prático, cada crente deve considerar-se morto para o pecado. Se estás morto para o pecado, pode não pecar mais. Rm 6.12-13 – esta é uma santificação prática diária.

A santificação completa e final: a perfeição sem pecado e a santificação completa aguardam a vinda do Senhor Jesus. Nessa ocasião seremos libertados “do corpo desta carne” Fp 3.20-21. Fomos salvos do castigo do pecado; estamos sendo salvos do poder do pecado; seremos ainda salvos da presença do pecado 1Jo 3.2.

Concluo dizendo que apesar das lutas do dia a dia, não é impossível para nós viver uma vida prática de santidade. A Bíblia diz em Tg 1.22 – “E sede cumpridores da palavra e não somente ouvintes, enganando-vos a vós mesmos”.