Falar no inferno agora é chamado de “terrorismo evangélico”. Esta crença em um céu real e um inferno real, tão contestada pelo homem pós-moderno chegou também aos púlpitos e livros cristãos. Seja na negação aberta e descarada, seja na sugestão de entrelinhas.
Ed René Kivitz, em seu livro sobre o Eclesiastes, afirma-se “tentado a concordar” com Madre Teresa de Calcutá, que dizia que “o inferno existe, mas está vazio”. Esta é uma alusão ao universalismo, falsa doutrina que ensina que no final Deus vai exercer um último ato de graça e salvar a todos da condenação eterna. Não que ele não pudesse ou não tivesse direito de fazer isso, mas nesse caso a Bíblia que temos nas mãos seria uma completa farsa. Pois é ela que afirma não apenas a existência real do lago de fogo como também o apresenta como o destino inexorável daqueles que não crêem no Evangelho da graça de Deus. Não pode haver lugar no coração de quem diz crer na Bíblia e viver para pregá-la para aceitar uma aberração como esta. Nenhuma pessoa séria flerta com tamanha bobagem.
Muitos criticam aqueles que foram salvos por medo de ir para o inferno. O ideal, dizem eles, é que eles tivessem vontade de ir para o céu. Agora, pensem bem: se uma pessoa está prestes a ser tragada pelas corredeiras de um rio furioso, já sem forças para alcançar a margem, o que você acha ocupa a sua mente? Escapar da morte ou sentar-se calmamente com a família para um almoço de domingo? Você acha mesmo fora de propósito que diante da evidência da morte trágica um ser humano queira simplesmente safar-se?
Terrorismo evangélico é não avisar às pessoas da realidade do inferno. A mensagem do Evangelho é o poder de Deus para a salvação. Mas que salvação é necessária para aqueles que não estão conscientes do perigo que correm? Será mesmo melhor para eles que troquemos os avisos do risco a que estão expostos pelo blá-blá-blá da autoajuda, da filosofia humana ou da terapia de Freud?