O músico Paulo Torres é conhecido por ser o spalla da Orquestra Sinfônica do Paraná e regente da Orquestra da Câmara da PUC-PR. Mas poucos conhecem um trabalho voluntário que ele tem feito há mais de 20 anos usando seu talento musical para tocar em hospitais da capital paranaense.
Todas as sextas-feiras Torres leva seu violino e se apresenta em hospitais por cerca de duas horas, circulando pelos corredores e quartos mudando a atmosfera do ambiente. No repertório ele mescla músicas sacras com canções clássicas chamando a atenção dos pacientes, familiares e funcionários.
O resultado dessas visitas é atestado pela médica Fabiana Weffort Caprilhone, chefe da UTI do Hospital Pilar. “Com a monitorização vemos a queda da pressão e da frequência cardíaca. Pacientes que não interagiam com a gente voltam a interagir, a querer comer. Até mesmo pacientes em coma. E essa avaliação é feita com base nos monitores, onde é possível perceber melhora destes dados vitais em pacientes”, diz.
Torres é evangélico e começou a desenvolver esse trabalho quando foi visitar uma tia que estava hospitalizada. Ao começar a tocar o violino, o músico chamou a atenção dos pacientes e familiares de quartos vizinhos que o convidaram para tocar.
“Entrei em um quarto onde havia uma jovem deitada, dormindo, e sua mãe sentada ao lado. Esta senhora permitiu que eu tocasse o hino ‘Quão Grande És Tu’. Nos minutos seguintes, a moça enferma abriu os olhos, olhou para os lados e tentou falar com a mãe, porém somente lhe saíram sons guturais. Para mim parecia algo normal, mas a mãe atirou-se sobre ela, chorando e gritando em um misto de desespero e alegria. Logo entraram enfermeiros e médicos, e eu comecei a me afastar, quando a mãe me agarrou pelo braço e, ao lhe perguntar o que acontecera, ela disse emocionada: ‘minha filha estava em coma há três anos’”, relembra.
Outra cena que ficou marcada na vida do músico foi a visita que ele fez a um homem com câncer. “Em outro episódio, após tocar para um senhor com câncer, desejei melhoras de saúde, que Deus estivesse com ele e o abençoasse. Chorando ele afirmou: ‘Deus acabou de me fazer uma visita’.”
Essas são apenas duas de várias histórias que Torres presenciou ao longo de todos esses anos. Hoje, além de tocar em hospitais ele tem se apresentado em presídios, asilos e orfanatos de Curitiba presenciando histórias emocionantes. O desejo do violinista é lançar um livro narrando todas essas experiências.