Eu nunca tinha visto um. Fiquei perplexo quando meu irmão disse que aquilo era um radar móvel. Parece um engradado de cervejas com pés de robô e um refletor para disparar o flash. Depois daquele dia comecei a perceber como a cidade está infestada deles: embaixo de viadutos, nas rodovias e até naquelas ruas desertas em que você acha que pode tirar o atraso causado pelo trânsito intenso das avenidas. Mas essa constatação foi um pouco tardia pois eu já havia tomado duas multas em menos de um mês por não obedecer o ridículo limite de 40 km/h.
Desde que fiquei sabendo das multas vivo bastante alerta em relação a isso, com medo de passar de 40 por hora até quando o limite é maior. Ontem, por acaso, meu coração quase parou quando eu dirigia distraído conversando com minha amiga Rosana ao voltar do trabalho. Assim como aconteceu quando Saulo caminhava para Damasco, um flash de luz brilhou e o carro foi todo iluminado. Minhas pernas pararam de sentir os pés que pararam de sentir os dedos que pararam de sentir os pedais do veículo até eu constatar pelo retrovisor que o capturado pelas lentes do fofoqueiro foi o carro que estava na pista contrária à minha. Embora eu tenha compadecido dele, fiquei muito feliz por não serem mais alguns pontos na minha carteira.
Não tem como você fugir deles. Eles estão em toda parte sempre prontos para escancararem seu erro. Eles não avaliam se você levantou-se do lado errado da cama, se teve um dia ruim, se discutiu com a namorada ou se está com gastrite. Eles só querem saber se você está ou não andando na linha e respeitando os limites pré-estabelecidos.
Além de tudo isso, tenho certeza que nenhum de vocês jamais recebeu uma correspondência em casa e, abrindo-a, reconheceu a foto de seu veículo ao ler a frase: “Parabéns! Você respeitou o limite de velocidade e não ultrapassou o sinal vermelho. Você é um bom motorista e merece ser reconhecido por isso!”. Imagine qual seria sua reação! Se não é algo esperado, por que ficamos na expectativa de que o mundo reconheça quando agimos corretamente se essa não é mais do que nossa obrigação?
Nós estamos sendo observados e o propósito de Deus em nossa vida só poderá ser cumprido se formos genuínos onde quer que estivermos.
Chega de crente duas-vidas! Chega de crente duas-caras! Chega de crente pé-no-mundo-pé-na-igreja! O mundo precisa de gente autêntica, que vive a verdade do Evangelho e brilha a luz de Cristo! Crente que toma sua cruz e segue-o sem olhar para trás. Crente que provoca sede e dá sabor. Crente que tem os olhos fitos no céu enquanto segura as pontas aqui na Terra, sabendo que está aqui só de passagem para cumprir o que Deus pré-estabeleceu para sua vida.
Será que é tão difícil assim viver uma vida santa? Será que todo mês precisa chegar para nós uma correspondência nos lembrando de que não estamos respeitando os limites e por isso não estamos aptos a levar o nome de Cristo por não termos um comportamento agradável a Deus? Ele nos dá os limites em Sua Palavra e, guardando-os, além de agradá-lo, teremos uma vida muito mais satisfatória. Ele, ao contrário do DETRAN ou do mundo, ainda por cima nos recompensa com toda sorte de bênçãos espirituais.