Interessante notar que muitos filmes ultimamente têm abordado superação de desafios profissionais. Os destaques do Oscar deste ano – Cisne Negro (meu preferido), O Discurso do Rei, A Rede Social e O Vencedor – tratam esta temática.
Este foi um aspecto dos que achei mais interessante no filme Sem Limites (Limitless, 2011). Talvez até por estar passando, profissionalmente, por desafios parecidos em diversos aspectos com alguns destes filmes, fico mais atento a estes detalhes.
O “Sem Limites” é aquele tipo de filme discreto, que fica escondido no cinema e você não dá muita atenção diante dos outros lançamentos de marketing mais agressivo. Eu até o estava ignorando, pensando ser mais um triller policial sem novidades. Após ouvir um amigo comentar a respeito do argumento principal, fiquei muito interessado e fui conferir.
A idéia é muito boa: uma droga que te “libera”. No filme, isto nem é tratado cientificamente, mas um personagem até cita aquela teoria (questionável) de que nós utilizamos só 20% do nosso cérebro. E a droga, no caso, te faria acessar os 100%.
O personagem principal é um loser clássico. Um cara até esperto, inteligente, mas improdutivo, que vive perdendo oportunidades devido a procrastinação e desorganização, essencialmente. Neste aspecto me identifiquei, infelizmente – guardadas as devidas e saudáveis proporções. Após tomar a pílula mágica, tudo muda. Torna-se fácil superar todos os desafios. O rapaz perde toda a timidez, ganha um absurdo de capacidade cognitiva e vê tudo mais claramente. É um super poder de ser simplesmente humano. Mas um humano completo. Coisa maluca…
A idéia é muito boa, e o filme muito bem conduzido. Você não vê a hora passar, se envolve na trama – que não é mais interessante que o argumento em si, mas se sustenta. Existem alguns “furos” que você pode identificar com relativa facilidade, mas tudo faz parte da diversão.
Eu me lembrei de um episódio marcante, onde que já desejei tomar uma pilula dessa. Certa vez, estava numa conversa com o meu então discipulador Marcos Soares. Enquanto conversávamos de alguns bloqueios e falhas que eu tinha, eu disse a ele: “Cara… será que não tem nada que eu possa tomar, e aí ficar bom de uma vez?”. Ele viu a bola vindo alta e cortou, com maestria: “Tem sim: vergonha na cara“.
Pois é… falou tudo. Como isso é tudo o que temos para o momento, então terá que servir.