Você pode perdoar

Em uma cidadezinha viviam pessoas que tinham alegria e paz em seus corações. Essas pessoas gostavam de distribuir atitudes de amor de maneira incondicional a todos.

Em cada gesto, em cada palavra era visível a verdadeira demonstração de afetividade nos relacionamentos. Numa expressão de carinho, cuidavam uns dos outros e zelavam para que ninguém se sentisse ofendido.

O rei Shalom era quem estimulava todas as pessoas a cultivarem e valorizarem sentimentos verdadeiros que resultassem numa vida harmoniosa e saudável.

Todos os anos em um dia especial o rei Shalom premiava as pessoas que durante todo o tempo sabiam cuidar de outras pessoas através destes sentimentos.

O prêmio era um sabonete perfumado e de cor branca. Era uma honra receber do rei todos os anos este sabonete.

As pessoas se tornavam mais lindas quando usavam o sabonete. Elas não podiam comprar em lugar nenhum. O sabonete dado pelo rei era de graça e somente Ele tinha sabonetes para dar!

Certa manhã de primavera, um menino que se chamava Ariel começou a perceber que seu melhor amigo, Misael, era muito gentil e por agir assim era muito amado por todas as pessoas.

Esquecendo-se do seu alvo de ganhar outro sabonete, resolveu planejar algo que destruísse a bondade de Misael. Alguma coisa ele teria que fazer para que Misael esquecesse de ser gentil e principalmente para que o rei não agradasse das suas atitudes.

Os dias foram passando e podia-se perceber em Ariel algo diferente: ficava isolado das pessoas, seu semblante era triste e em seus olhos refletiam raiva… Muita raiva. E o ódio em seu coração aumentava a cada dia.

Com o tempo Ariel ficou doente. Nada podia fazer porque em tudo que fazia sentia-se sem forças, sem alegria. E não brincava mais, não olhava o sol, não corria atrás dos marrecos, não tomava banho no riacho, não gostava mais de tortas de morango.

O grande dia da premiação então chegara. O rei Shalom perguntava: e então que boas atitudes você cultivou? Vejo em seus olhos que foram todas excelentes! E com um sorriso entregava-lhe o sabonete.

Naquele ano Misael além de ganhar outro sabonete branco e perfumado, ganhou do rei um presente especial: um vidro de perfume.
O rei Shalom dava este presente somente quando as pessoas faziam sua vontade e tinha entendido o desejo do seu coração: oferecer o amor incondicional a todas pessoas, sem distinção.

Ariel no momento da entrega dos sabonetes estava tão ocupado maquinando maldades, que perdeu a cerimônia e ficou sem receber o sabonete.
Ao saber que Misael recebera o perfume como presente especial, aumentou mais ainda seu ódio por ele.

E sem o sabonete branco e perfumado o coração de Ariel tornou-se escuro. Ele agora tinha muito ódio e queria se vingar… Queria fazer de tudo para que as pessoas do rei não recebessem o sabonete de graça, principalmente Misael.

“Eu odeio Misael! Como o odeio!” Assim vivia resmungando Ariel pela cidade.
Ariel tornou-se uma pessoa muito doente, sozinha, rancorosa e triste. Ficava isolado o dia todo maquinando maldade.
Então ele teve uma idéia que nasceu do seu ódio: quebrar o frasco de perfume de Misael.

Um dia aproximando de Misael tomou-lhe inesperadamente o perfume e saiu correndo proclamando sua vitória. Correu até chegar numa grande árvore, e se escondendo mais que depressa tentou quebrar o frasco do perfume, batendo-o contra a árvore.

Ariel não conseguiu. “Que raiva, este frasco é inquebrável!” Tentou abrir o frasco e ficou mais irritado ao perceber que este não abria com suas mãos.

Mas mesmo assim estava contente pelo simples fato de ter tirado o frasco de Misael. Seu coração havia ódio, muito ódio e uma dúvida: Será que Misael foi derrotado?

Foi então que Hadassa, uma bondosa e meiga mulher que certa vez havia também recebido o perfume do rei Shalom ouvindo o que acontecera com Misael e sabendo do valor precioso daquele perfume foi tentar resgatá-lo de Ariel.

Hadassa foi então a procura de Ariel. Encontrou-o como sempre escondido atrás de uma árvore.
“A quem você procura?” Perguntou assustado Ariel.
“É com você mesmo que quero falar…”
“Como me encontrou aqui?”
“Procuro-o para uma missão… uma missão de ajuda! Você pode se esconder de todas as pessoas daqui, menos do rei Shalom. E então o que faz com o perfume de Misael?”.
“Estou muito zangado, pois não consigo abri-lo!”

Hadassa aproximando-lhe dele toma-lhe o frasco de perfume de suas mãos e com delicadeza abre. “Veja como é fácil quando fazemos com amor!”
Naquele momento exalou nos ares um perfume doce e especial!

Olhando firmemente nos olhos de Ariel, Hadassa perguntou-lhe:
“Onde está seu sabonete? Por que não está com ele?”
“Este ano eu não ganhei do rei!”
“Se você não ganhou teve motivos para isto…”
“Sim, estou com ódio, muita raiva e inveja… Desejei todo mal para Misael. Então nem se fosse ver o rei, Ele me daria este sabonete!”

“Se você quiser te levo na presença do rei, tenho certeza que Ele quer te dar outro sabonete!”
“E por que Ele me daria outro sabonete?”
“Porque ele te ama, e não quer que ninguém fique sem sabonetes!”

“Ele me ama!” Ariel começou a chorar…” Posso ter novamente um sabonete?”
“Sim o rei pode te dar sabonetes abundantemente!… Mas antes você precisa perdoar a Misael: Você pode perdoar!”
“Sim… preciso perdoar Misael! ”

Segurando o frasco Ariel foi correndo até a casa de Misael. No caminho ele encontrou o rei Shalom que já sabendo de tudo que acontecera, entregou-lhe em silêncio um sabonete.
“Mas eu ainda nem pedi perdão e já recebi um sabonete? Meu rei eu não mereço…”
“Este presente é de graça querido Ariel! Entrego-lhe porque te amo! Conheço todos os seus caminhos e todas as suas ações. Mesmo assim, pelo seu gesto de arrependimento receba o meu perdão! ” Disse o rei Shalom.

Agora Ariel tinha outro motivo forte para perdoar Misael. Ele recebera o perdão do rei Shalom sem merecer. Então completou seu percurso indo até a casa de Misael e num gesto de humildade pediu-lhe perdão.
Este foi o melhor presente de Ariel, receber o perdão de quem ele ofendera.
Os dois se abraçaram e lágrimas rolavam de seus rostos. Novamente estavam unidos sentindo paz em seus corações.

Ariel devolveu o perfume a Misael. Seu semblante agora era de alegria.
“Este perfume é nosso! Vamos abra para que possamos confraternizar este momento de reconciliação!”
“Não posso, comigo ele não abre!”
Misael sorriu…”Vamos tente agora…”

Ariel sem esforço algum abriu o perfume.
Diz a história que naquele instante um perfume agradável exalou em cada canto da casa e todo aquele lugar brilhou como a luz forte do sol.
Brilhou como se a presença do rei estivesse naquele lugar… E estava!

Mensagem final: Você pode perdoar!
“Longe de vós, toda amargura, e cólera, e ira, e gritaria, e blasfêmias, e bem assim toda malícia. Antes, sede uns para com os outros, benignos, misericordiosos, perdoando-vos uns aos outros, como também Deus, em Cristo, vos perdoou”. Efésios 4:31 e 32

Dedico esta literatura infantil:

Ao Rei dos reis, Jeová Shalom, o Príncipe da Paz: Jesus.

Às pessoas que tal como Misael são envolvidas em histórias de inveja e raiva e mesmo assim conseguem perdoar.

Às pessoas que tal como Ariel necessitam do perdão do Rei Shalom e que também precisam perdoar para serem curadas.

Às pessoas que tal como Hadassa são intercessoras do bem, resgatando pessoas para o Rei Shalom.

Aos meus queridos sobrinhos e filhos do Rei: Filipe, Daniela, Anne Rebeca, Diuly e Augusto.

Notas:

Fragmentos da Monografia de Pós-graduação de Marta Queiroz Pacheco Sabir, membro da 1ª Igreja Presbiteriana de Juiz de Fora, Ministra de Crianças, baseado no texto de Natanael Cardoso Negrão, missionário da APEC (Aliança Pró-evangelização de Crianças) e membro da Igreja Evangélica do Marco em Belém (PA).

por Eduardo Corceli