Em entrevista ao jornal Gazeta Mercantil, o economista Eduardo Giannetti, que participou do 34º Encontro de Editores e Livreiros com profissionais do setor editorial, em Fortaleza, citou o crescimento das igrejas evangélicas como um dos principais fatores para o aumento do consumo de livros no país.
A informação condiz com o amadurecimento empresarial do setor editorial evangélico dos últimos cinco anos. De acordo com a coordenadora da MK Editora, Raquel Soares, o mercado gospel se tornou mais profissional. “Ele tem produzido materiais que não deixam nada a dever aos produtos do mercado secular, como capas, produção gráfica, etc”, afirma.
Um exemplo do grande volume de vendas neste setor são as bíblias, que já possuem vários tipos de classificações: infantis, juvenis, aplicação pessoal, livro de bolso, entre outros. Esta situação ainda pode melhorar muito se as igrejas continuarem incentivando seus fiéis. Quando o pastor fala do púlpito sobre um determinado livro, a força de sua liderança faz com que os membros procurem conhecer a obra que o pastor está indicando.
O hábito da leitura
O assunto abriu espaço para debate, já que o hábito da leitura ainda é pequeno no Brasil. O país está em 27º lugar, com um total de 5,2 horas de leitura semanal, de acordo com uma pesquisa internacional sobre hábitos de leitura, envolvendo 30 nações.
O economista Eduardo Giannetti diz que o preço do livro ainda é um problema para o crescimento do mercado editorial, já que os valores cobrados estão fora da realidade da maioria dos brasileiros. Segundo ele, uma alternativa é o livro de bolso (pocket book), de custo mais barato.
Raquel Soares discorda. Ela acredita que o problema está na situação econômica brasileira. “Devemos comparar a produção editorial e o preço. Se compararmos preços isoladamente, teremos a impressão errônea de que são caros. Na produção de um livro, entram muitos fatores. Na verdade, a média de salários é que é baixa”, diz a coordenadora.
Outro ponto importante para o setor de livros é o fato da nossa cultura ser profundamente audiovisual. E aí, a Internet e a TV saem na frente. Hoje, as pessoas vivem num mundo digital. Basta um click no mouse para se ter acesso a várias informações. A juventude está mais interessada em gastar seu tempo na internet do que ler um bom livro.
A leitura ainda é pouco difundida no Brasil, o que dificulta a ampliação do mercado editorial. É preciso incentivar a leitura desde cedo. Em casa, os pais precisam ler para os seus filhos, contar histórias, comprar livros, estimular o gosto pela leitura. O governo também necessita fazer a sua parte.