Religiosos na Argentina declararam guerra à Justiça do país por ter autorizado a realização do aborto em duas jovens, que engravidaram por meio de estupro. A Conferência Nacional dos Bispos da Argentina fez um alerta à população e disse que as tragédias do cotidiano podem levar a sociedade ignorar o fato de que um inocente será assassinado.
A polêmica começou no início deste mês, quando a Corte Suprema de Justiça da província de Buenos Aires autorizou o aborto numa jovem com problemas mentais. A mulher foi estuprada por um de seus parentes. Mesmo autorizada, ela não pôde realizar o aborto, devido à demora nos trâmites legais. Quando a suprema corte liberou a autorização, a gravidez da moça já estava em uma etapa avançada e colocaria a jovem em risco de morte.
Nesta quarta-feira, a Corte Suprema da província de Mendonza – 1.000 quilômetros de Buenos Aires – também autorizou a realização de um aborto numa jovem de 25 anos, mas com idade mental de 4. Da mesma forma, a moça engravidou após ser estuprada.
Segundo cifras oficiais, 400.000 abortos clandestinos são realizados na Argentina anualmente. De acordo ainda com as informações, as mulheres pobres são as que mais sofrem por interromperem a gravidez em condições sanitárias muito deficientes. Com base nesse argumento, o ministro da Saúde, Gines González García, expressou seu apoio à legalização do aborto e ao controle da natalidade, o que invocou os religiosos do país.