O preço da independência

Conquistar a independência para muitos é um ideal, um sonho. Conseguir se manter sem que ninguém precise ajudar, ser auto-suficiente. Ter condições financeiras para suprir cada necessidade, condições emocionais para administrar cada desequilíbrio ou falha, condições físicas para superar cada obstáculo. Isso é ser independente, isso é difícil demais!

Cada dia dependo menos dos outros, pago minhas contas, resolvo meus problemas, supero desafios, e a cada dia é mais difícil viver, porque descobri que quanto mais independente sou, mais sozinha eu fico. “Grandes poderes trazem grandes responsabilidades” já dizia o tio do Peter Parker, e as responsabilidades são como sacos de areia nas costas; pesam. Tenho que pensar em tudo, cuidar de tudo, arcar com todas as conseqüências. Se tudo está certo é mérito meu, se está errado também! E não pense que quando se encosta a cabeça no travesseiro, há o alivio de não depender de ninguém. Geralmente há somente a saudade do tempo em que a mamãe ajudava até a amarrar os sapatos.

Acredito que esta sensação pode ser vista em muitos lugares pelo mundo todas as noites, no leito da mãe solteira, do divorciado, nos vidros de uma UTI, na saída de um cemitério, nos orfanatos. Uma única frase seria capaz de expressar o preço da independência “E agora, quem poderá me defender?”

JESUS!

Jesus pode nos defender, pois Ele bem conhece o caminho da independência. Ele carregou o mundo nas costas e também deixou bem claro que nosso caminho não é a independência, afinal não somos capazes de cuidar de nós mesmos.

Um dia Jesus estava entrando numa cidade chamada Naim com seus discípulos e uma grande multidão (Lucas 7:11) e logo na porta da cidade vem saindo um cortejo fúnebre; um jovem morreu. Como se não bastasse, ele era filho único, e, pra ajudar, sua mãe era viúva. Que caminho trilhava esta mulher! Um preço alto por uma independência imposta. Sua viuvez impôs a ela uma série de responsabilidades. Criar seu filho já era uma imensa, manter-se firme diante da sociedade, grande peso. Até então ela ainda tinha seu filho, alguém que iria ajudá-la quando lhe faltasse a força. Mas naquele dia seu filho se foi e ali estava ela diante de um caminho ainda mais penoso. Ela teria que viver sem uma razão, completamente sozinha.

Todos sentimos um pouco do que esta viúva sentiu. Olhar ao lado e não encontrar até aquilo que poderíamos contar. Tudo se foi. Estamos sozinhos num mundo que não pára. Jorramos em lágrimas, pois desejamos somente alguém que nos dê a mão. Lágrimas de cansaço, de pesar, lágrimas que expressam um grito de desespero, a vontade de depender de alguém maior do que qualquer necessidade.

Jesus viu essas lágrimas. A Bíblia diz que Ele se moveu de íntima compaixão por ela e disse: “Não chore!”. Gosto de imaginar o que ela pensou. Que tipo de pessoa diria a uma mãe diante de um filho morto “Não chore!”? Somente alguém que poderia ajudar, que poderia fazer alguma coisa. E Ele podia.

Jesus poderia ter ressuscitado o filho sem dizer nada à mãe. Simplesmente entregar o que ela precisava. Mas não. Antes Ele quis mostrar-lhe que ela não estava mais sozinha, que aquilo que a limitava não era limite para Ele. “Não chore, eu estou aqui!”, “Não chore, eu posso resolver isso!”, “Não chore, dependa de mim!”

Em algumas situações, nos tornamos escravos da nossa vã independência, e então, quando nos deparamos com a nossa incapacidade, só sabemos chorar. Aquela mulher estava cercada de uma multidão, mas ninguém podia calar seu choro. Os amigos não aliviarão seu fardo, a família não quebrará o jugo das suas responsabilidades. Podem até pagar umas contas, mas não farão tudo. Porém Jesus move-se de íntima compaixão e diz: “Não chore!”. Ele toca a esquife e ordena ao defunto que se levante, e assim aconteceu. Entregou o filho nos braços da mãe. Posso imaginar como estava o semblante daquela mulher: olhos arregalados, boca aberta e braços que, antes vazios, agora tinham seu filho. O coração que estava perdido, agora tinha um salvador.

Jesus estava ali, realizando o impossível, cuidando, aliviando o fardo. Olhe para sua vida, veja as situações que você precisa resolver, as contas que precisam ser pagas, a doença a ser tratada, o fim do relacionamento a ser superado, a solidão que precisa ser vencida. Tudo sob a sua responsabilidade. Olhe bem pra tudo e, se seus olhos começarem a lacrimejar, se você começar a sentir o desespero de não conseguir resolver tudo, você também poderá ouvir: “Não chore!”, pois Ele se move de compaixão por ti, Ele vai tocar em tudo e entregar em suas mãos.

Dependa dEle! Acredite! Aquela mulher saiu de um enterro para uma festa e tenho certeza de que aquele que ressuscitou um morto, pode também fazer todas as outras coisas!

por Érika Silva Santos