Melhores amigos, bons professores, pai e mãe, irmão mais novo, irmão mais velho, colegas de trabalho, grande amor nunca deveriam ir embora. Acho até que malas e despedidas não foram feitos para eles, confio que adeus nunca deveria ser dito, defendo até que: Há portas que nunca poderiam se fechar, carros que não deveriam dobrar a esquina, ônibus que jamais deveriam ser tomados, malas que nunca deveriam ser feitas.
Há pessoas que se soubessem a falta que fazem não poderiam ter ido, não conseguiriam.
Suponho que esta última frase passava pela cabeça de um homem algum tempo depois de ver um sepulcro ser lacrado; João, o discípulo que Jesus amava, poderia fitar o horizonte e pensar: “Se Ele soubesse a falta que faz, não teria ido embora”. As ruas, antes movimentadas pelas multidões, estão vazias. A empolgação de andar pelas cidades, hoje é desânimo. O amigo que antes era um ombro pra se apoiar, hoje é lembrança. “A vida continua” é o que dizem as pessoas, mas há um lugar vazio, há um sonho interrompido e de uma hora para outra se perdeu a motivação.
Qualquer semelhança com a nossa realidade não é mera coincidência. Todos já sentiram a falta de alguém ou algo, todos já se agarraram a fotos, cartas, músicas e até choraram a dor da saudade, afinal, somos humanos e pela lei natural das coisas sempre haverá coisas que deixaremos pelo caminho. Entretanto João perdeu mais que um amigo, ele perdeu sua razão de viver. Tudo pelo que ele se dedicou. Deixou sua família, seu conforto, seus amigos. Tudo pelo que ele lutou e acreditou estava dentro de um sepulcro. A voz que o guiava havia silenciado. As lágrimas daquele homem são as mesmas da esposa abandonada, da criança órfã, do pai de família desempregado, da mãe diante de um túmulo, de amores que se acabam. Lágrimas de quem acreditou e perdeu. Lágrimas de promessas quebradas.
Porém, num domingo pela manhã, quando João estava tentando prosseguir com sua vida, algumas mulheres gritaram que aquele sepulcro estava aberto. “Levaram o corpo do Senhor!” João correu. Por que ele correu? Você correria? Sairia como um louco pra ver um sepulcro aberto? Mas ele correu. Quem sabe no caminho não passou por sua cabeça a possibilidade de tudo voltar a ser como era. No fundo, no fundo, ele ainda tinha esperança e sua esperança era maior que a razão.
João correu até a porta do sepulcro e não entrou. Quem sabe sua primeira reação seria chamar. (Você iria até um sepulcro e chamaria pelo morto? Jesus foi). João lembrou-se de Lázaro. Pedro que vinha logo atrás esbarrou em João na porta e entrou, viu os lençóis no chão e reparou que os panos que enrolavam a cabeça estavam dobrados. Só aí João entrou e creu. Creu que não haviam roubado seu Senhor, pois ladrões não teriam o cuidado de dobrar os lençóis. Creu que a morte não levou sua razão de viver. Creu que o sepulcro não sufocou sua esperança. João creu diante das vestes de um morto. Você é capaz de ir até os sepulcros da sua vida, sonhos perdidos, amigos que se foram, alegrias deixadas, esperanças malogradas? Eles estão abertos. Vá até a porta e veja! Alguém os tirou de lá, alguém tomou seus sonhos e tudo aquilo que você pensa que perdeu e desenterrou tudo. Não chore diante de sepulcros vazios.
João voltou pra casa, se reuniu com seus amigos, quando de repente a porta se abre e adivinhe quem era… Isso mesmo, O Mestre Jesus. Ele apareceu no meio dos discípulos, mostrou suas mãos, suas cicatrizes e devolveu a cada um (até a João) a razão de viver que eles pensaram ter perdido. Há pessoas que não deveriam ir embora, mas vão, entretanto há alguém que não foi, nem nunca irá, que venceu a morte pra que você não vivesse sem Ele, e ele tem nas mãos tudo aquilo que você pensou ter perdido e diz: “Eu faço nova todas as coisas.”
por Érika Silva Santos