Igreja boa é a que é legal e a que oferece múltiplos serviços aos seus membros e que não faz muitas exigências ou cobranças. Igreja legal tem pastores que pregam sermões focados no indivíduo e não em Deus e que evitam de usar palavras muito duras quando tratar dos pecados do povo. Em primeiríssimo lugar, igreja boa é a que não incomoda seus membros, a que não entra pelos caminhos da intolerância quando olha para a vida dos seus membros ou mesmo do mundo. Igreja boa é a que recebe a todos com portas bem largas e que não faz perguntas constrangedoras ou afirmações contundentes contra o pecado.
Esse fenômeno pós-moderno tem suas raízes na tirania do respeito à individualidade das pessoas. Em nome do respeito à individualidade, ninguém mais pode emitir qualquer opinião intolerante sobre assuntos chamados “de foro particular”. Ou seja, ninguém mais dá o direito de outros interferirem e nem mesmo opinarem a respeito da sua vida, mesmo que os posicionamentos sejam contra o que a Palavra de Deus ensina.
Na verdade, cada ser humano se tornou uma ilha de convicções próprias e de verdades particulares. Cada um pensa o que quiser, cada um faz o que quiser e ninguém tem o direito de dizer que qualquer atitude seja condenável. Nem mesmo Deus, pois os tempos pós-modernos elaboraram uma teologia própria em que até Deus foi enquadrado por conveniências pecaminosas e se tornou completamente tolerante com o que antes era simplesmente chamado de pecado. E tudo isso em nome do que a Xuxa sempre pregou: “o importante é ser feliz”.
Nessa de “o importante é ser feliz”, ou de “vale tudo por amor” é que estão se apoiando os homossexuais ou os que traem seus parceiros. A mentira antes reprovada agora é legitimada por “o fim justifica os meios”. Em nome da individualidade, até os cristãos criaram as questões de foro íntimo em que nem a igreja pode interferir. É cada um por si e a igreja que é boa é a que acomoda confortavelmente os seus membros dentro do circo da tolerância sem fim. Ou pior ainda, como disseram “os tribalistas”: “Pé em Deus e fé na taba” (escrevo isto com tremor e temor). No final Deus foi excluído das questões morais e cada tribo, ou taba, constrói seus próprios códigos de ética (ou de ausência de ética) em que vale tudo quando a vontade aparece.
Depois disso é que começamos a ouvir, primeiro timidamente, agora já abertamente, algumas frases que ainda não haviam sido ecoadas nos corredores das nossas igrejas, como: “ninguém se intromete na minha vida”, ou “na minha vida mando eu”, ou “falem o quiserem, não me importo” e aí a coisa vai piorando.
Por isso tudo, queridos irmãos e amigos, o tempo de dar um passo para trás já chegou. Precisamos novamente olhar para a Palavra da Verdade e reaprender o que é a Igreja de Jesus. Precisamos voltar e nos colocar novamente debaixo da autoridade espiritual dos nossos irmãos, nossos pastores, as autoridades que o próprio Deus colocou sobre nós. Na igreja não pode haver questão de foro íntimo. “Roupa suja se lava em casa” só pode ser verdade para um cristão, se a “casa” for a sua Igreja. Temos que voltar a confessar pecados uns aos outros, a obedecer os nossos guias, a se submeter às autoridades instituídas por Deus e a prestar contas.
Precisamos reconhecer que o cristianismo é intolerante, sim, em muitas posições. Ele tolera o homossexual, mas não o homossexualismo. Ele recebe a todos com amor, mas odeia o pecado. Ele recebe o ladrão, mas não tolera sua atitude.
Precisamos voltar a pregar o Evangelho começando com “arrependam-se”, como fazia Jesus e os Seus profetas. Como bem disse Greg Laurie (A Igreja que abala o mundo): “As boas novas do evangelho incluem más notícias”.
O evangelho não precisa de nossa ajuda para ser atraente. A nossa pregação não pode ser diluída. Os nossos posicionamentos como cristãos devem ser tão radicais como o Evangelho o é. Sem concessões, sem abrir mão, sem permitir o que Deus condena, sem ser tolerante em relação ao que o Deus Santo não suporta e nem tolera.
por Clóvis Jr.