Quando eu era criança, odiava assistir a musicais por não conseguir aceitar muito bem como as coisas eram contadas. Na minha cabeça não tinha cabimento as pessoas começarem a cantar uma música a partir do nada e até conversarem desse jeito. O pior era quando elas começavam a dançar a mesma coreografia. Inaceitável! A mente de uma criança não consegue enxergar aquilo como realidade, não consegue “entrar” no filme.
Felizmente meu tempo de criança passou e agora eu sou um verdadeiro apaixonado por musicais. Um filme musical é a forma mais sensível e direta de contar uma história. Infelizmente o gênero musical não é muito popular no Brasil e são poucos os cinemas que têm a coragem de exibir um filme desses. Talvez você tenha que, assim como eu, viajar alguns bons quilômetros para encontrar uma sala que esteja exibindo O Fantasma da Ópera.
O Fantasma da Ópera (The Phantom of the Opera), baseado no musical original de Andrew Lloyd Webber, que por sua vez é adaptado da obra de Gaston Leroux, é um filme ímpar. Ímpar porque podemos igualá-lo aos excelentes Moulin Rouge e Chicago, formando assim um trio com os melhores musicais da atualidade. Os três merecem ser colocados nessa galeria.
Protagonizado pelos ainda pouco conhecidos Gerard Butler, Emmy Rossum e Patrick Wilson e dirigido pelo renomado Joel Schumacher, O Fantasma da Ópera é um filme cativante e envolvente ou, no melhor dos jargões, prende você na poltrona do início ao fim, e ainda por cima, ouvindo muita música. Como um bom musical, todos os atores são cantores, ou seja, eles não dublam mas realmente cantam as músicas, exceto a engraçadíssima diva Carlotta interpretada
por Minnie Driver.
O Fantasma da Ópera é praticamente uma peça de teatro encenada para o cinema. Dependendo de como você estiver ao assistir o filme, poderá achar as coisas exageradas demais para o seu gosto, mas se você realmente conseguir entrar no clima, tudo isso vai acabar contribuindo para dar mais luz ao espetáculo.
Para nós, cristãos, uma coisa que pode nos deixar com o pé atrás antes de assisti-lo é pensar na possibilidade de encontrarmos conceitos de espiritismo permeando o filme. Como já mencionei em crítica anterior, eu prefiro não saber nada da história do filme antes de assisti-lo. Por incrível que pareça, eu não conhecia a clássica história do fantasma que assombrava a Opera House da França, fato que me deixou positivamente surpreso ao ser apresentado ao enredo no transcorrer do filme. Não há espiritismo, e isso você já descobre nas primeiras cenas.
Um alerta
Se você já achou Moulin Rouge ou Chicago musicais demais, O Fantasma da Ópera não é um filme para você pois ele é praticamente todo musicado. A propósito, brilhantemente musicado desde diálogos e pensamentos até declarações de amor e duelos de espada. Se você é fã de musicais, este é um filme obrigatório. Se você não tem nada contra o gênero, dê uma chance para este filme. Ele é uma celebração à arte, à sétima arte.