Amigos, vivemos numa selva em que a sobrevivência está intimamente ligada à competição, na qual só os melhores vencem. Superar os adversários, encarar cada situação da vida como um jogo que precisa ser vencido, lutar para chegar ao topo e depois lutar ainda mais para lá permanecer. Essa é a vida humana.
Desde que nascemos, estamos competindo. Quando seu pai resolveu ter você com sua mãe (embora ele não tinha idéia de que era você), ele já lhe deu uma tarefa estupenda: disputar com milhões de espermatozóides o direito de fecundar um óvulo. Não foi fácil. Aliás, olhando para a boa vontade de alguns adolescentes hoje em dia, é difícil entender como foi que eles chegaram na frente dos outros.
Poucos anos depois, nas primeiras reuniões de pais, você tinha seu desempenho comparado ao dos colegas. Na formatura, só os melhores alunos foram premiados. Só os bons meninos, aqueles que não faziam xixi na cama e que tiravam boas notas é que ganhavam presentes no final do ano. Nas competições interclasses, medalhas somente para aqueles que tinham um desempenho extraordinário. Nunca houve uma medalha para quem tirasse 6.
Você chegou ao colegial e foi bombardeado diariamente com a obrigação de ser o mais destacado. Como não há lugar para todos os que querem fazer faculdade, somente aqueles que ficam acima da nota de corte chegarão lá. Se você não passou na primeira fase da Fuvest, considere-se um perdedor. Volte para o cursinho e tente mais uma vez. Se porventura a façanha foi conseguida, prepare-se para 4 ou 5 anos de pauleira. O objetivo é daqui a alguns anos ser selecionado entre 2950 candidatos que disputarão acirradamente uma vaga de estágio em alguma empresa de porte médio. Se escolhido, dentro de 2 anos você poderá estar entre os melhores novamente e, assim, poderá voltar ao ringue para concorrer a uma vaga de trainee.
Isto ainda não é o fim. Até aqui, são apenas etapas preparatórias na vida de um profissional de sucesso. Quando finalmente você conseguir a posição almejada, já graduado, pós-graduado, mestrado, doutorado e falando pelo menos duas línguas além da sua, você terá que provar constantemente seu quilate. Mesmo que não ganhe para isso, precisará ser aprovado nas constantes avaliações de desempenho. Vão avaliar desde a roupa que você usa, até o corte do seu cabelo. Aqui, já não bastará sua competência. Pesarão muito seus relacionamentos com os formadores de opinião (social) da empresa. Será muito considerada a sua participação (ou falta de) nos churrasquinhos com chefes e gerentes. Manter-se no posto será, provavelmente, a tarefa mais árdua.
Entenda uma coisa: o mundo não tem espaço para perdedores. Quem chega em segundo lugar, se chegasse em último seria tão lembrado quanto. Não basta mais ser excelente. É preciso ser e parecer ser mais excelente (??) do que os outros.
Se você tem alguma dúvida sobre essas premissas, experimente assistir a um episódio da série “O Aprendiz”, a cópia tupiniquim do programa do Donald Trump. Preste atenção na arrogância de quem está por trás da mesa da diretoria. Perceba como eles olham de cima para baixo, humilham e premiam não apenas a competência mas também o “mais forte”, quer dizer, o mais prepotente, o que atira mais nos outros. O chamado “mundo dos negócios” não é Justus. É cruel.
Impera a lei da compensação, o toma-lá-dá-cá. Prevalece a lei do mais forte, do mais agressivo, do mais truculento. Vale tudo ou quase tudo. E o quase tudo pode ser usado sempre que necessário. Em outras palavras, toda e qualquer conquista é mérito do conquistador. Toda e qualquer derrota é culpa de alguém. Neste cenário selvagem, não há espaço para uma das palavras mais maravilhosas que um ser humano pode aprender na sua curta e efêmera existência: “GRAÇA!”
Como são diferentes os critérios e valores no Reino de Deus! Em primeiro lugar, aqui todo mundo pode ser contratado e aceito. Mas, paradoxalmente, nenhum dos contratados merece coisa alguma. São todos “farinha do mesmo saco”. Segundo a Diretoria, “todos se desviaram e se fizeram inúteis”. Não adianta tentar parecer excelente, porque o padrão com o qual você vai ser avaliado é o Santo, Santo, Santo. Você nunca conseguirá alcançar aquele padrão sozinho.
Então, o Diretor entra na sala de reunião. Uma vez que Ele é verdadeiramente Justo, rigorosamente, teria que demitir a todos. Ninguém escapa. Ninguém serve. Ninguém presta. Você argumenta. Você esperneia. Você reclama. Você abre sua maleta de couro e começa a retirar seus diplomas de mérito, suas realizações, suas experiências, sua capacidade, seu talento. Ele ouve tudo pacientemente.
Finalmente, o Senhor Justo pára a reunião. Pede carinhosamente para que todos se acalmem e fiquem em silêncio. O clima fica tenso, porque todos imaginam o que vai acontecer.
Inesperadamente, Ele simplesmente coloca sobre a mesa Suas mãos com os sinais.
Isso é graça.