Amigos, os assíduos e simpáticos leitores de Colunet estarão lembrados do meu lamento a respeito do meu pé de acerola, levado ao ar no último dia 3 de maio. Reclamava de falta de frutos. Dava um prazo para uma reação, sob pena da mais impiedosa destruição. Sentia falta das frutinhas vermelhas colorindo meu quintal.
Não sei bem o que houve. Pés de acerola não sabem ler, portanto não foi ciúme nem vergonha. Mas de uns tempos para cá, logo depois da minha reclamação ter se tornado pública, nossa árvore começou a encher-se de flores. A primeira florada foi meio mixa, mas as seguintes foram boas o suficiente para produzir o espetáculo do crescimento. E esta semana, a cada pancada de chuva a gente sai no quintal e os frutos se multiplicam. Já está virando um ritual. Chego para almoçar, pego a escadinha e lá me vou a colher acerolas para o suco do almoço. Está todo mundo feliz: o dono (que não tem mais do que reclamar), a família (que se delicia com o suco), os amigos (que estão levando acerola para casa) e até os passarinhos (que fizeram morada na árvore). Uma maravilha.
Eu sempre pensei que a figueira da parábola seria cortada depois de um ano. Sabem que de repente passei a considerar uma outra possibilidade? Vai que a danada resolveu se ligar e começou a dar fruto? “Nem tudo está perdido quando resta uma esperança”, diriam os caçadores na história do Chapeuzinho Vermelho. Uma vez que a planta voltou a fazer jus à sua função de dar semente, folha, flor e fruto, o problema está superado.
Pode ter sido uma diminuição de frutos temporária. Pode ter sido a chuva que está mais intensa agora. Pode ser a poda que foi feita no começo do ano. Pode ter sido um pouco de cada coisa e pode ser até uma mera coincidência. Os fatores são múltiplos e desconhecidos. Mas o fato concreto é que agora tem fartura de colheita. Que beleza! Não há nada melhor do que uma árvore frutífera que dá frutos. É o normal, o esperado. Mas é belo, pujante e animador.
Muita gente estava espiritualmente em baixa quando escrevi a primeira parte no mês de maio. Alguns vêm vindo mal já há mais tempo. Quem sabe desde aquela época alguém que estava estéril passou a enfrentar o problema e hoje em dia já pode começar a contar outra história? Afinal, já se passaram mais 6 meses. É metade do tempo dado pelo agricultor para uma avaliação. Se Deus vier procurar acerola no pé da sua vida, o que Ele vai encontrar neste exato momento?
Se a gente fica tão feliz quando acha fruto na nossa plantação, quão mais feliz deve ficar o nosso Deus ao saciar-se com frutos em nossa vida que glorificam Seu santo nome. Ele nos plantou para dar frutos. Sucesso na vida é simplesmente frutificar.
É bom dar uma explicação rápida sobre o que podem ser esses frutos. Gálatas 5 fala do fruto do Espírito na vida do cristão, isto é, a manifestação multiforme da atuação do Espírito Santo em nós. Não são vários frutos, são várias facetas do mesmo fruto. Meu pé de acerola não produz mamão, abacaxi, laranja ou bananas. Ele produz somente acerola. Mas não é uma acerola só. São várias. Assim é o fruto do Espírito.
Por exemplo, ele fala em amor. Tem a ver com a atitude que assumimos para com as pessoas, refletindo o amor de Deus por nós. Ele fala em alegria. Tem a ver com o contentamento e o prazer que devemos encontrar em Cristo. Ele fala em paz. Tem a ver, por exemplo, com viver livre do medo e da culpa do passado perdoado. Ele fala em longanimidade. É a capacidade de demorar para se irritar. Ele fala em benignidade. Tem a ver com agir como Deus agiria em cada decisão que tomamos. Ele fala em bondade. Tem a ver com a prática de boas obras. Ele fala em fidelidade. Tem a ver com fazer o que é certo, independente de ter alguém olhando para nós. Ele fala em mansidão. Tem a ver com a maneira como nos relacionamos com as pessoas, especialmente aquelas que convivem conosco. Ele fala em domínio próprio. Tem a ver com o controle de nossas reações, da nossa ira. Tem a ver com autodisciplina.
Deus certamente ficaria chateado se, depois de seis meses, ainda não estivermos dando sinais de que um dia esses resultados aparecerão em nossa vida. Mais ainda se já faz um ano. Sabe-se lá a quanto tempo o Agricultor divino está desapontado com a nossa colheita, ou falta de. Sua graça nos oferece uma chance.
Que pode começar pela leitura despretensiosa de um artigo despretensioso. Não é preciso esperar chegar no fim do ano para fazer balanço. Faça hoje mesmo uma avaliação sincera do que tem sido sua colheita e peça a Deus que o ajude a dar fruto, mais fruto, muito fruto. E que seu fruto permaneça.