Amigos, sou extremamente desligado quando o assunto é as fofocas sobre celebridades. Não tenho o menor interesse em saber quem casou com quem, quem separou-se de quem, quem saiu com quem, quem foi fotografado não sei onde, qual é a cor do tapete da casa do fulano da novela das tantas. Até hoje isso não fez diferença nenhuma na minha vida, não me tornou nem mais rico nem mais pobre, não me fez mais feliz ou menos feliz.
Mas de vez em quando você acaba topando com algumas coisas que chegam a dar dó. Esses dias, deparei-me com a entrevista de uma atriz (ou modelo, sei lá) que há dois anos casou-se com um cantor bem mais velho que ela. O camarada já tinha passado por vários “casamentos”, com não sei quantos filhos nas costas. Notório galenteador, cheio de papos para cima de qualquer uma que se aproxime. O casamento, que foi notícia em todos os jornais e revistas e em vários canais de televisão, foi considerado o casamento do ano. Tinha mais repórter e fotógrafo do que convidados. Rios de dinheiro foram gastos na festa. O maior auê.
Previsivelmente, durou 135 dias. Isso mesmo. Quatro meses e meio. Aparece, então, a ex-esposa, para “abrir o coração para o público”. Aliás, não foi só o coração que ela abriu. Ela abriu também a tampa da caixa d´água, porque ela chorava compulsivamente, entremeando lágrimas com confissões de desespero, frustração, mágoa, vergonha, decepção e também com tentativas de reafirmar-se como “forte”, “capaz de dar a volta por cima” e “isto não vai me abalar”.
O que mais me chamou a atenção em toda a pantomima foi a tentativa do entrevistador em passar a imagem dela como uma “moça-família”, “preocupada com valores hoje tão em baixa na sociedade”, segundo suas literais palavras. Para provar que era mesmo assim, a menina fez uma menção impressionante à participação de seus pais no episódio. Ela contou que conheceu pessoalmente o artista num programa de TV, ele começou a ligar insistentemente para ela, começaram a sair e em menos de dois meses ele a pediu em casamento e foi conversar com os pais dela. Os pais, muito “abertos ao diálogo”, “super-cabeças”, não fizeram qualquer questionamento. Responderam simplesmente que se isso a faria feliz, eles davam seu total apoio. Aliás, disse a atriz, eles disseram que apoiariam qualquer coisa (grifo meu) que ela fizesse, desde que isso a fizesse feliz.
De fato, a mãe dela apareceu na televisão, com rompantes de mãe-coruja, orgulhosa da conquista relâmpago da filha. Afinal, quantas são as sogras de cantores e artistas de novela na vida real? Quantos álbuns de casamento saem primeiro na revista Caras para depois chegar em casa? Quantos casamentos são filmados e transmitidos ao vivo? Quem pode perder uma chance como esta de virar celebridade, ser o comentário nacional?
Poucas semanas depois, todo o castelo de areia ruiu. As notas que apareceram na imprensa não eram mais dando conta do glamour e do brilho de uma festa de arromba, mas sobre a separação prematura, para alguns, ou previsível, para outros. E a felicidade proposta? E as juras de amor? E os presentes que nem chegaram a ser desembrulhados?
Não escrevo estas linhas com sarcasmo ou com ar de “tá vendo???”. Escrevo com o coração partido. Nem conheço essa menina, nem sabia quem ela era. Mas conheço um monte de meninos e meninas deste imenso Brasil que estão caindo na mesma armadilha. Alguns que tinham obrigação de saber que as coisas não funcionam desse jeito, mas que não acreditam enquanto não quebram a cara e se transformam no mico da história. Conheço muita gente, inclusive entre os cristãos, que acha mesmo que o importante é ser feliz, é fazer o que nos faz sentir bem. Conheço até muitos pais cristãos que pensam assim.
Já vi gente falar que queria ter nascido filho do “fulano”, porque o “fulano” é que é legal. Ele deixa os filhos fazerem tudo, gastarem à vontade, voltar a hora que quiserem, sairem com quem der na cabeça, namorar, transar, freqüentar qualquer lugar. Tudo numa boa. O importante é não ficar doente e não dirigir bêbado. E de preferência não engravidar.
O que eu nunca vi é alguém contar o fim da história. O que eu nunca vi é alguém explicar como é que se juntam os cacos depois que a gente quebra a cara. O que eu nunca vi é alguém dizer como é que se recupera o tempo perdido enquanto se vive um estilo de vida vão, frívolo e inconseqüente.
Alguém precisa começar a dizer para a “galera”, pelo menos para a “galera” que diz nas músicas que canta de fim de semana ser de Deus, que a gente não está aqui para ser feliz. A gente está aqui para glorificar a Deus com os nossos corpos. E que a felicidade verdadeira é uma conseqüência desta entrega, desta consagração, desta renúncia de nós mesmos.
Ninguém é feliz por que faz o que lhe dá na cabeça. Ninguém é feliz porque não tem limites. Muitos só aprendem isso quando o choro da vergonha e da tristeza do pecado rolam na face.
Outros parecem que não aprendem nunca.