Amigos, vocês que me acompanham há quase 4 anos devem lembrar-se do que eu penso sobre Olimpíadas. Escrevi sobre isso recentemente (Olim-piadas, 15/05/2004). Felizmente passou. Só daqui a quatro anos. O Brasil, como sempre, um fiasco, para o tamanho e o potencial humano que temos. A China desponta como a nova potência mundial assustadora para todos os setores da atividade humana. A próxima é lá, a chinesada vai deitar e rolar. Vão ganhar com o pé nas costas.
Não assisti, como previa, nenhum jogo e nenhuma competição completa. A rigor, foi menos por filosofia e muito mais por falta de tempo. Quando resolvi acompanhar alguma coisa, topei com o José Roberto Guimarães e aquela sua cara de sonso, olhando a espertona da Fernanda Venturini enterrar o time e conseguirem a proeza de perder um jogo para a Rússia, depois de estarem ganhando por 24 x 19 no quarto set. E no dia seguinte, entregaram o jogo para Cuba. Palhaçada.
Teve coisa pior. Deixar a Argentina ganhar duas medalhas de ouro depois de tanto tempo é dose. Mas, convenhamos, foi merecido. E, por tabela, os gringos nos deram alguma alegria. Afinal, deixaram de fora os americanos com toda a sua pose e arrogância. Bem claro, os americanos da NBA. Foi bom vê-los disputando bronze e quase perdendo. Este é o “Nightmare Team” (o time do pesadelo). Dream Team é o do Bernardinho.
Isso sim deu orgulho. Não é porque ganhou. É pela maneira como esses meninos jogam. Se perdessem, sairiam de cabeça erguida. Não teriam que dar explicações. O Bernardinho é meio maluco, morde a bola, grita, xinga, esperneia, faz cena. Mas o cara é bom. Temos que tirar o chapéu. Para ser perfeito, só falta conseguir tirar a mulher dele do time feminino, aquela entregadora de ouro. Um cara que disputa 14 títulos e ganha 11, o que mais precisa ser dito?
Este é o verdadeiro Time dos Sonhos. Os caras jogam com garra, com vontade, não tem bola perdida nem jogo ganho. É uma rotina de treino, suor, resignação, superação. Um jogo consistente, solidário, vibrante, atitudes de campões que são um exemplo e contagiam a todos. É um time de verdade. Creio que isso explica porque é que no futebol o Brasil, que tem sem dúvida nenhuma os melhores jogadores do mundo, não consegue a mesma superioridade e o mesmo número de conquistas. Os jogadores do futebol são muito mais estrelas, pensam muito mais em si mesmos do que no time. Fora a politicagem e o bairrismo que rolam soltos nos bastidores. E os resultados estão aí.
Eu queria ter feito parte deste time, os Golden Boys de Atenas. Haveria de aprender lições inesquecíveis sobre liderança, espírito de corpo, trabalho em conjunto, atitude diante das dificuldades, busca constante da excelência. Itens fundamentais para o sucesso de um empreendimento, seja qual for.
Eu também quero jogar num Dream Team. Também quero estar rodeado de feras, focadas no resultado, enfrentando as adversidades com bravura. Gente que sabe ganhar e sabe perder, mas que prefere muito mais ganhar do que perder. Gente que aprendeu a gostar do gostinho gostoso da vitória.
Estou cansado de gente que se contenta com pouco. Estou cansado daqueles que acham que “do jeito que fizer, está bom”. Quero distância de quem está há 30 anos marcando passo, sem sair do lugar, sem crescimento, sem evolução, derrotados e conformados com a derrota. Ando evitando aqueles que indiretamente culpam Deus por seus fracassos: “Deus quer que seja assim mesmo, desde o tempo dos nossos avós”.
Bernardinho neles!
Pensando bem:
“O medo de perder tira a vontade de ganhar” Vanderlei Luxemburgo