Amigos, esta semana perdemos um grande amigo. “Tio” Paulo Jones, talvez não tão conhecido pela geração mais jovem, mas muito amado por todos aqueles que tiveram o privilégio de conhecê-lo e privar de sua amizade. Um homem marcante, uma figura que não podia passar despercebida. Idéias claras, convicções firmes e discurso franco. Seu testemunho durante seus dias de luta contra o câncer foi um tributo a Deus, uma afirmação de sua fé. Sempre esteve consciente da gravidade do seu problema, porém nunca se entregou. Lutou enquanto teve forças, fazendo o que estava ao seu alcance para enfrentar a situação. Acima de tudo, confiou até o fim na soberania do Deus da sua salvação. Deixou claro que estava preparado para qualquer que fosse a decisão do seu Senhor a respeito de si. Na última terça-feira, Ele o chamou para estar para sempre com Ele.
Sabemos onde tio Paulo está. Não precisamos fazer mais absolutamente nada por ele. Nem mesmo uma prece. Nem mesmo uma vela. Seu caminho já estava iluminado desde que ele decidiu espontaneamente entregar sua vida à Luz do mundo. Sua vida já estava segura pelo Autor e Consumador da fé. Seu corpo foi semeado em fraqueza, mas há de ressuscitar em poder. Não temos nenhuma sombra de dúvida a respeito disso.
A Bíblia diz que nós, cristãos, não precisamos “nos estristecer como os demais que não têm esperança”, mas não diz que não podemos nos entristecer. Não diz que não podemos sentir saudade ou a falta dos que se vão antes de nós. Não diz que lágrimas não podem rolar em nossas faces ante o quadro, sempre triste, da morte. Diz apenas que não precisamos nos desesperar, porque sabemos o que está acontecendo.
Porém, para nós que ficamos, especialmente os familiares e amigos mais próximos, o mais confortador neste momento de dor e saudade talvez nem seja a certeza do reencontro, mas a experiência de sentir agora mesmo o toque consolador do Espírito de Deus em seus corações. Afinal, eles estão na presença do Senhor, mas nós continuamos aqui. E no tempo que ainda nos resta, a diferença entre nós e “os demais” é saber que podemos contar com um Pai de amor e de graça que supre a ausência de qualquer coisa, mesmo daqueles a quem nós mais amamos.
Tenho certeza de que Deus sofre com a gente. Se um dia ele “enxugará de nossos olhos toda lágrima”, hoje ele as “recolhe no seu odre e registra-as no seu livro” (Sl 56:8). Esta é outra maneira de dizer que o Senhor vem, senta do nosso lado e acompanha e participa da nossa dor. Nem sempre ele explica as razões do nosso sofrimento. Pense em Jó. Pense em José. Pense em Jairo. Pense na viúva a caminho do cemitério para sepultar seu único filho. Pense na viúva de Sarepta, cozinhando seu último pão. Nenhum deles sabia o que estava em curso. Deus não mandou um profeta para lhes explicar o que estava acontecendo e muito menos o que ia acontecer. Ele não explica, talvez porque nenhum de nós conseguisse entender. O que Ele já deixou muito claro e até uma criança pode experimentar, é que seu amor é incondicional, imutável, inesgotável. Transcende os séculos e visita geração após geração.
E nos projeta para um tempo em que Seu propósito eterno será finalmente implantado sem qualquer interferência do mal, quando então seremos definitivamente tudo aquilo que Ele planejou para nós.