Amigos, desde que começou o processo de identificação dos norte-americanos que chegam ao Brasil, a polêmica está no ar. Alguns, patriotas, quase ufanistas, aplaudem a atitude do juiz matogrossense que decretou a obrigatoriedade com base no argumento da reciprocidade. Outros acham isso tudo uma mesquinharia, uma pequenez.
Estou entre aqueles do primeiro grupo. Pela primeira vez em muito tempo alguém foi capaz de dizer que nós podemos ser muita coisa que não presta, mas que nós exigimos um tratamento de respeito. Se para o governo de Bush todo brasileiro é suspeito (apesar de nunca termos ouvido falar em brasileiro envolvido com terrorismo), então que eles sejam submetidos ao mesmo procedimento. Esse juiz mandou bem.
Aí veio a história do piloto engraçadinho do dedo bobo, da American Airlines. Não que eu considere a Polícia Federal um convento de monges beneditinos, mas que nessa eles mandaram bem, mandaram. Quer fazer gracinha? Vai pro xilindró. Vai um brasileiro fazer isso lá em Miami para você ver o que acontece. Os outros engraçadinhos que quiseram apoiar o chefe, também ficam de fora. Está certíssimo. Esse delegado da P.F. federal mandou bem.
Depois, veio o caso do camarada que jogou água no bebê que estava chorando. Foi preso na pista em Guarulhos e deportado. Certíssimo. Por muito menos do que isto tem brasileiro respondendo processo nos Estados Unidos. O comandante daquele vôo mandou bem.
Existe uma lei, que foi enunciada não por um tribunal humano, ou por convenções jurídicas, mas pelo Rei dos reis. Tão nobre e tão sublime, que foi chamada de “A regra áurea” ou “A regra de ouro”. Ela diz: “Faça aos outros o que você quer que eles façam a você” (Sermão da Montanha, Mateus 8:12). Você não deve estranhar se recebe um tratamento frio de alguém se o você o trata desta maneira. É aquela velha história: “Fulano não me cumprimenta”. E você nunca o cumprimenta também. E ainda você tem coragem de reclamar?
É ridícula a reação do governo americano à medida a ser adotada nos aeroportos. Eles podem. Os outros não. O princípio da reciprocidade é válido, sim. E está muito certo de ser usado. Claro que não faltarão os demagogos de plantão, como o circense prefeito do Rio de Janeiro, que mandou distribuir flores para os turistas. Alguém precisava perguntar a ele porque ele não distibui flores para os mendigos e camelôs que tomam conta das calçadas cariocas, para os traficantes que aterrorizam os morros ou para as esposas de policiais que tombam nas guerras com os bandidos todos os dias. Mas esta é uma história que os cariocas podem decidir na próxima eleição…
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Antes de mais nada, preciso explicar que não sou antiamericano. Não sofro de xenofobia. Não sou nacionalista, daqueles que acham que precisamos nos isolar do mundo. Não queimo bandeira dos Estados Unidos. Pelo contrário. Entre meus amigos mais íntimos e fiéis, encontram-se legítimos americanos. Quando critico as atitudes do governo Bush, não o faço por ser ele americano. Também condeno Tony Blair, o Pinóquio, condeno Fidel Castro, o último urso comunista que ainda não acordou da hibernação ideológica e todos aqueles que dizem e fazem bobagens contra a humanidade, usando do poder que têm nas mãos.
Tenho a seguinte filosofia: o que estraga o homem não é lugar onde ele nasce. Isso tem grande influência em nossa cosmovisão, evidentemente, mas o problema do ser humano não está na sua carteira de identidade. Está no seu coração. E este é desesperadamente corrupto, no Brasil ou no Japão, na Antuérpia ou na China, na Argentina ou na Inglaterra.
Por isso é que eu detesto rótulos, de todos os tipos. Esta história de dizer: “Americano é arrogante” é tão estúpida quanto dizer: “Brasileiro é vagabundo”. Todos sabemos que as duas coisas podem estar certas ou erradas. Conheço americanos que estão entre as pessoas mais dóceis e humildes que já encontrei na vida, assim como conheço (e tenho certeza de que você também conhece) brasileiros que são um poço de altivez e orgulho. Também conhecemos brasileiros (e são a esmagadora maioria) que trabalham de sol a sol, gente de mão calejada da lida diária. E já trabalhei com americano mais folgado que sapato 48 em pé de 39. Além disso, tem vagabundo e arrogante em qualquer lugar do mundo, não só nesses países citados.
Devemos evitar colocar etiquetas nas pessoas, porque esta é a origem de todo tipo de preconceito. Como “Cristianismo” e “Preconceito” são como água e óleo, se somos cristãos precisamos cuidar para que este sentimento mundano não nos invada. Para Deus, não importa a raça, nem a cor, nem a nacionalidade, nem a posição social, nem o nível acadêmico. Para Deus, o que vale é como o ser humano se posiciona em relação a Seu Filho, Jesus Cristo.
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Há evidentes diferenças entre os povos. Na minha opinião, isto é fascinante. Um dos meus lugares preferidos de passeio são os aeroportos, em especial os internacionais. Não que eu os freqüente com assiduidade para viajar. Vou a aeroporto muito mais para levar ou buscar pessoas do que propriamente para viajar. Mas digo que é um lugar encantador justamente por ser ali um observatório interessantíssimo dessa diversidade entre os povos. Sempre que vou a um deles, fico sentado nos saguões observando as pessoas. Vestem-se, expressam-se, cuidam dos filhos, reagem, despedem-se de maneira diferente. Visitar outras culturas é interessante, para mim, exatamente por este aspecto.
Deus nos criou assim tão diferentes. Já imaginou se todos fôssemos iguais? O mundo seria chatíssimo. Imagine a cena descrita por João no Apocalipse. Pessoas de todas as tribos, línguas, povos e nações diante do trono do Cordeiro. Se pedissem para que cada uma delas dissesse o nome de sua tribo, haveria uma sonora confusão. Mas se pedissem para que eles dissessem o nome do seu Senhor, haveria unanimidade. Se pedissem para cada um cantar seu hino nacional, haveria uma variedade imensa de estilos e de sons. Mas quando todos começam a cantar o Cântico do Cordeiro, há um coro uníssono lindo que ecoa pela eternidade.
Isto só dignifica a coroa da criação de Deus, o ser humano. Onde poderíamos ter chegado se não fosse o pecado que nos destituiu da glória de Deus? Aonde chegaremos quando Deus nos libertar deste corpo de pecado e nos fizer incorruptíveis?
Pensando bem:
As pessoas ainda são a maior invenção.