Histórias para a vida: Tem gente boa e tem gente ruim

    Quem é, pois, o servo fiel e prudente a quem o senhor confiou os seus conservos para dar-lhes o sustento a seu tempo? Bem-aventurado aquele servo a quem seu senhor, quando vier, achar fazendo assim. Em verdade vos digo que lhe confiará todos os seus bens. Mas se aquele servo, sendo mau, disser consigo mesmo: Meu senhor demora-se, e passar a espancar os seus companheiros, e a comer e beber com ébrios, virá o senhor daquele servo em dia em que não o esperam e em hora que não sabe, e castigá-lo-á, lançando-lhe a sorte com os hipócritas; ali haverá choro e ranger de dentes.

Quando adolescente, trabalhei em um escritório. Algumas vezes, o chefe era convocado para uma reunião ou estava de férias. Estabelecia-se, então (que fique bem claro, eu não participava disso), a lei “o gato saiu, os ratos fazem a festa”. Era som alto, cafezinho liberado, momento de discutir a posição do time do coração na tabela, enfim, algumas coisas ficavam realmente invertidas. Um belo dia, desconfiado do que se passava desses momentos de ausência, o chefe, que de bobo não tinha nada, resolveu voltar antes do esperado. Pegou muita gente no pulo. Só os que não participavam da folia é que escaparam. A brincadeira saiu cara para alguns.

Jesus é um Senhor bom e fiel, que “se ausentou por algum tempo”. Ele não espera que seus servos fiquem aqui para viverem de qualquer jeito, como se não tivessem que prestar contas de nada. Ao contrário, deixou-nos para que fielmente o sirvamos até que ele volte. É para continuar com atenção ao trabalho. Ele sequer nos deixou sozinhos. Enviou Seu Espírito para nos acompanhar, capacitou-nos para o serviço que espera de nós e fez-nos depositários de uma extraordinária herança. Só que alguns de nós às vezes agimos como os meus ex-colegas de trabalho. Achamos que porque a presença física do Chefe Supremo não está aqui, somos os “donos do pedaço”. Irresponsavelmente damos as costas para o propósito maior das nossas vidas e passamos a viver uma vida sem sentido.

As características deste servo mau são chocantes. Olhe a sua atitude truculenta. Agride os outros. Que é isso, companheiro? Olhe a sua companhia. Come e bebe com os bêbados da esquina. Será que ele sai da mesa do bar direto para a mesa da Ceia? Olhe a sua expectativa de vida. Nem se lembra mais que há um Senhor que volta logo, a quem todos prestarão contas. Péssimo exemplo. Não há o que justifique.

Jesus é um Senhor bom e fiel. Deixou outro exemplo para seus servos. Andar e agir como este mau servo é, no mínimo, uma atitude de tremenda ingratidão. Depois, revela um espírito totalmente incoerente com o que se espera dos súditos do Reino. Nada a ver com as características dos bem-aventurados do Sermão do Monte. Tem mais a ver com aquelas empresas onde o ambiente é terrível, um quer puxar o tapete do outro, não se respeitam regras nem pessoas. Definitivamente, não é este o ambiente que se espera na Igreja de Cristo.

Felizmente, nem todos seguirão este padrão horroroso e nojento de serviço. Na mesma história, aparece também a figura do “Operário Padrão do Reino”. Do seu currículo não constam títulos, diplomas, mil cursos, especializações e mestrados. Não aparecem grandes realizações, enormes campanhas evangelísticas, nem projeção pessoal. Pode até ser que algumas destas coisas tenham acontecido em sua carreira, mas o que o torna padrão não é nenhuma delas. Ele é chamado simplesmente de “um operário fiel e prudente”. Só isso. Fiel, porque age com os olhos fitos no Seu Senhor e preocupado com as expectativas que Ele tem sobre a sua vida e seu ministério. Prudente, porque vê seus conservos no mesmo nível que ele, nem mais nem menos. Se na parábola da figueira a palavra-chave era “vigilância”, aqui passa a ser “fidelidade”. Espera o Senhor que aqueles que trabalham para Ele sejam mordomos fiéis daquilo que lhes foi confiado.

Jesus perguntou: “Quem é este servo fiel e prudente?”

Eu me pergunto: “Estou eu a ser um servo fiel e prudente?”

Pensando bem:

Estou eu a ser um servo fiel e prudente?