- De novo, entrou Jesus a falar por parábolas, dizendo-lhes: O reino dos céus é semelhante a um rei que celebrou as bodas de seu filho. Então, enviou os seus servos a chamar os convidados para as bodas; mas estes não quiseram vir. Enviou ainda outros servos, com esta ordem: Dizei aos convidados: Eis que já preparei o meu banquete; os meus bois e cevados já foram abatidos, e tudo está pronto; vinde para as bodas. Eles, porém, não se importaram e se foram, um para o seu campo, outro para o seu negócio; e os outros, agarrando os servos, os maltrataram e mataram. O rei ficou irado e, enviando as suas tropas, exterminou aqueles assassinos e lhes incendiou a cidade. Então, disse aos seus servos: Está pronta a festa, mas os convidados não eram dignos. Ide, pois, para as encruzilhadas dos caminhos e convidai para as bodas a quantos encontrardes. E, saindo aqueles servos pelas estradas, reuniram todos os que encontraram, maus e bons; e a sala do banquete ficou repleta de convidados. Entrando, porém, o rei para ver os que estavam à mesa, notou ali um homem que não trazia veste nupcial e perguntou-lhe: Amigo, como entraste aqui sem veste nupcial? E ele emudeceu. Então, ordenou o rei aos serventes: Amarrai-o de pés e mãos e lançai-o para fora, nas trevas; ali haverá choro e ranger de dentes. Porque muitos são chamados, mas poucos, escolhidos.
Quem é que não gosta de uma festa? De graça, boca livre, até com maionese estragada. Mas você sabe, há festas e festas. No que me tange, nunca participei de festas da alta roda. Não é o meu círculo. Coquetéis de lançamento, vernissagens, inaugurações de boutiques badaladas, aniversário de socialaites, nada disso faz parte do meu currículo. O mais longe que já cheguei foi uma exposição de arte da amiga de uma professora da escola, mas isso não conta, porque a classe toda foi também e nós fomos proibidos de comer os croissants. Era só para olhar os quadros e sair. Um colega nosso perguntou o preço de um deles, a “artista” respondeu que ele não teria dinheiro para comprar aquilo. Definitivamente, sou mais a linha do patê de presunto com torradinhas e soda limonada. Tem mais a ver com a minha conta bancária e as grifes que costumo vestir.
Mas se um dia tiver uma chance de participar da festa de um figurão, daquelas cujas fotografias vão sair na próxima edição da Revista Caras, acho que eu até colocaria meu terno vinho (aquele que é só para casamentos), mandaria lavar minha possante Ipanema 93 e mandaria ver. Afinal, não se sabe nem quando um convite destes pode pintar de novo.
Acho que depois de ler esta parábola do Senhor Jesus, eu comecei a entender porque eu penso assim. A história da festa do Rei me faz pensar a que grupo pertenço. Não estou entre aqueles que por causa do sobrenome famoso ou dos recursos financeiros tem o direito de desfilar em festas de arromba. Então, se um dia eu participar deste meio, será por pura graça. Só porque alguém se dignou a inserir-me no contexto. Não por meus méritos.
Os judeus (em especial fariseus, escribas e saduceus) achavam que tinham direito ao reino dos céus por causa da sua religiosidade. Não tinham, mas achavam que tinham. Estavam convencidos a respeito dos seus próprios méritos. Julgavam ser clientes especiais do céu. Achavam que quando chegassem aos portais da glória, o tapete vermelho seria colocado para eles e os clarins soariam. Só para eles. Sem eles, o céu seria muito pobrezinho. Por isso, quando Jesus chegou com uma mensagem aos humildes de espírito e aos mansos de coração, isso não fez qualquer sentido para eles. Preferiram continuar cuidando de suas vidas, negócios e prazeres. Fizeram ouvidos moucos ao convite do amor e da graça do Senhor. Convite este à comunhão, ao relacionamento e às bênçãos de Deus que desde os tempos dos profetas lhes tinha sido oferecido. Não deram atenção nenhuma a ele, julgaram-se bons demais para precisar de um convite. E por esta mesma razão foram por fim rejeitados. E a porta se escancarou para aqueles que não eram dignos e sabiam disso.
Houve até um penetra que tentou ficar ali no meio como quem não queria nada. Mas uma coisa o denunciou facilmente: suas roupas não eram de gala. Calma, calma. Deixe-me avisar: a roupa correta aqui não é saia para as mulheres e terno para os homens, antes que alguém me interprete mal! As roupas aqui falam da justiça de Cristo que é atribuída àquele que crê. O ensino para nós é que não se pode querer permanecer na presença de Deus no nosso jeito. Tem que ser do jeito dele. Não temos como nos apresentar com nossos trapos de imundícia, com nossas obras más. Precisamos da cobertura providenciada pelo Rei.
Ontem, como a maioria de vocês, celebramos a Ceia do Senhor com a igreja. Como foi importante lembrar mais uma vez que o sacrifício de Cristo a nosso favor foi um ato de absoluta graça. A gente não merecia nada de Deus, a não ser o castigo. Nosso salário justo e combinado era a morte. Deus tinha dito que “a alma que pecar, esta morrerá”. Não sei sobre você, mas eu tenho convicção total de que eu não tinha roupa para entrar na festa do Reino. Estava definitivamente fora da minha possibilidade. Mas uma vez que “aquele que não conheceu pecado, Deus o fez pecado por mim para que nele eu fosse feito justiça de Deus”, eu, Marcos Senghi Soares, o principal dos pecadores, fui aceito, convidado e hoje sou aguardado no céu. Meu lugar à mesa está reservado e ninguém tasca!
Pensando bem:
Sabe o que mais me admira nesta festa? É o Dono dela.