Amigos, todos vocês devem ter acompanhado nas últimas semanas a história perturbadora de um adolescente, que até para ser identificado é complicado: é Pedrinho para a imprensa, Osvaldo Júnior na certidão e um gigantesco ponto de interrogação sobre a cabeça. Aquele menino que, sabe-se agora, foi seqüestrado dos braços da mãe ainda na maternidade, e foi viver com outra família, em outra cidade.
Sinceramente, embora não me considere tão fraquinho de cabeça, ainda não consegui entender direito o que se passou, razão pela qual esperei algumas semanas antes de comentar o fato. Uma história cheia de mistérios, de coisas mal explicadas, de um sem-número de intrigas, desavenças, maldade, frieza, insensibilidade e, segundo parece, até uma dose de espírito vingativo. Não ficou claro, pelo menos para mim, o que levou a chamada “mãe adotiva” àquela atitude. Se fosse raptar uma criança para vender, embora isto se constitua num crime repugnante e iníquo, pelo menos haveria uma explicação. Mas seqüestrar para criar como filho, isso eu nunca ouvi antes.
Não tenho elementos suficientes nem competência para emitir qualquer juízo de valor sobre o caso. Não sou delegado de polícia, nem juiz de direito, nem advogado. Não sei quem deve ser punido, nem como, nem por que. Não é sob esta ótica que enxergo esta confusão toda. É do ponto de vista de filho, que sou há 33 anos e de pai, que sou há 6. O que será que passa pela cabeça desse menino, desde que tudo veio à tona? Como será encarar o fato de que a história de sua vida até agora não era bem aquela? Seus tios, primos, avós, irmãos, para não falar, obviamente, de seu pai e sua mãe, de uma hora para outra passaram a ser “pseudo-pais” e “pseudo-familiares”. Os amigos da escola, vizinhos, colegas do clube, o pessoal da pelada no campinho do bairro, toda essa gente foi conhecida por “acaso”. E agora, com quem eu fico? Com os vínculos criados pela convivência de 16 anos ou com os pais de verdade?
E o outro lado? O que representa para um casal ficar todo esse tempo longe de um menino que foi esperado, sonhado, projetado mas que nunca pôde ser acariciado, amado, abraçado? Que negócio maluco! Isso não é coisa normal. É coisa de filme de mau gosto, que só poderia sair da cabeça de um diretor insano. Custa crer que esta é uma história real, que saiu nos jornais e na TV.
Sabe o quê? Nem deve ser o único caso. Este é somente um caso em que se chegou ao final. E nem se pode dizer que é um final feliz, diga-se de passagem. Mas tem um final. Quantos estão nesta mesma situação e nem sabem?
Isto me fez pensar numa coisa: não somos capazes de imaginar quanta coisa está errada neste mundo e a gente nem se dá conta! Quanto sofrimento, quanta lágrima rolando, quanto desamor, quanta desafeição, quanta gente colhendo os frutos apodrecidos das sementes de bobagens que plantaram pela vida inteira. Já imaginou quanta surpresa haverá no dia em que tudo o que é oculto vier a ser revelado? Graças a Deus que não fomos colocados aqui para consertar isso tudo. Somente para conservar como sal, para que não fique ainda pior, porque acreditem: é possível ficar pior.
Dá para entender porque é que Deus promete (e há de cumprir) queimar isso aqui tudo com fogo. Ele vai desfazer os elementos, vai criar novos céus e nova terra, para começar tudo de novo. Ali vai habitar justiça. Quer dizer, ali as coisas serão certas. Não vai haver espaço para coisa errada. Justiça. Retidão. Coisas certas. Sem sobressaltos. Sem Pedrinhos. Sem casais Richtofen. Sem toques de recolher. Sem bala perdida. Sem FMI. Sem mercado financeiro. Sem agiotas. Novo céu e nova terra.
Por tudo isso, o “caso Pedrinho” se torna emblemático. Não por ele mesmo, é claro. Se alguém é inocente e vítima nessa história, esse alguém é esse menino, por quem passei a ter profunda compaixão. É de chorar, é de partir o coração mais pedregoso pensar na situação dele. Mas este caso em si é um legítimo representante do caos que o pecado instalou neste planeta. Uma confusão generalizada, um cenário de morte que só pode ser revertida por Aquele que morreu PELOS NOSSOS PECADOS, e foi sepultado e ressuscitou ao terceiro dia. Só Ele pode consertar isto aqui.
Ah! Se o tivéssemos ouvido desde o começo!
Pensando bem:
Deus vai desfazer os elementos, vai criar novos céus e nova terra, para começar tudo de novo.