Violência
Amigos, poderei ser novamente acusado de super-simplificação. Quero propor uma alternativa que não encontrará espaço na mídia ou na grande imprensa. Faço isso porque tenho números a meu favor. É sabido claramente que grande parte da violência que grassa este país tem sua origem na droga. Desde aquele ladrãozinho que nos estoura o carro para roubar o toca-fitas (agora é toca-CD) e trocar por meia dúzia de papelotes de crack até o tráfico de armas pesadas. Há até uma campanha de uma ONG na TV agora mostrando exatamente isso. Cada “baseado”, cada “picada” financia a máquina do tráfico e da violência.
Investem-se milhões de reais na construção de presídios e no equipamento de polícias. Não é só porque se investe mal e errado que os índices não baixam. Não é só porque a polícia tem medo do poder dos traficantes. Não é só em razão da banda podre da PM. Não é só porque o crime é organizado e a polícia é uma bagunça. É pior do que isso. A violência continua sendo estimulada por uma forte pressão de demanda de multidões de jovens desiludidos e sem perspectiva de vida.
E não venham os sociólogos e intelectualóides quererem provar que o problema é a escola ruim ou as desigualdades sociais, porque o problema não está só no morro e na periferia. A droga corre solta nos corredores das melhores escolas de classe média, nos apartamentos de luxo dos bairros chiques ou nas festas embaladas dos bacanas e famosos. Lá não faltam dinheiro nem diplomas. Ninguém nasceu na favela e ninguém passou fome na vida. Mas o mesmo vazio existencial está presente. E é este que leva à busca da maconha, da cocaína, do crack, do “Extasis”, dos comprimidos ou do álcool.
Como existem aqueles que nasceram para reclamar e falar mal, parece até que de quatro em quatro anos alguns torcem para que o caos esteja ainda mais instalado na sociedade. Quanto piores forem os índices de criminalidade, melhor para a campanha política. E quanto a quem está no governo, é fácil mostrar números que apresentem uma situação ilusória, uma “Xangrilá”, uma farsa. Enquanto isso tudo acontece, continuamos a enterrar nossos jovens, a ver lares e sonhos desmoronados, a acabar com o futuro de nossos filhos. Um jovem da periferia de São Paulo ou do Rio de Janeiro tem 5 vezes mais chance de morrer de forma violenta do que um soldado israelense.
Já tentamos de tudo: esporte, educação, programas de acompanhamento psicológico, campanhas de televisão, palestras, grupos de apoio. Já se tentou a liberação geral (vide a Holanda e as cenas deprimentes de cacos humanos se drogando sob os auspícios dos agentes de saúde), que até evita em parte a violência ligada ao tráfico, mas que gera uma violência oficial contra a vida humana.
E a escalada da barbárie continua incólume. Falta tentar a única saída possível. Esta não aparece na TV. Esta é tida como simplista, ingênua, fatalista ou fanática. Esta não dá IBOPE e não angaria votos para a oposição. Esta não entra nas estatísticas de defesa do governo. Esta foi resumida de forma brilhante por um produtor de camisetas evangélicas há alguns anos: “JESUS, O FIM DA PICADA!”
Não adianta tentar tirar da cabeça da moçada que a droga não presta, que o fim deste caminho é morte, se não oferecermos para ela algo melhor. De novo, o governo pode estudar o problema e as Secretarias de Segurança podem traçar seus planos, mas só os cristãos-cidadãos têm a solução definitiva para esta desgraça.
Louvo a Deus por vidas que Ele tem usado para recuperar, pelo poder do Evangelho, seres humanos destroçados pela guerra contra o vício. Centenas, talvez milhares de homens e mulheres, moços e moças tem sido encaminhados às casas de recuperação sérias que podem oferecer a eles um novo começo pela fé em Jesus. Infelizmente, como o joio está no meio do trigo, também existe muita picaretagem, o que dificulta o trabalho de gente comprometida com o Reino. Sei e reconheço também que nem todo mundo saberia trabalhar com este tipo de ministério. Mas Deus chama e capacita, desde que estejamos dispostos. E cabe aos outros apoiar, sustentar e viabilizar empreendimentos desta natureza. É a única chance que temos.
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O amigo que nos acompanha pode estar pensando: afinal, o que tudo isso tem a ver com o tema proposto inicialmente? Onde é que entra o crente na política ou fora dela?
Tentei durante esta série demonstrar que há ações chamadas de cidadania que na verdade são meramente paliativas. Elas não atacam o cerne do problema. Entre elas estão a chamada consciência política, os programas de governo, as ideologias partidárias. Todos sabemos que estas coisas não resolvem o problema.
Como não costumo ficar em cima do muro, quero encerrar deixando claro o que penso sobre isso em relação ao Cristianismo. Não vejo, biblicamente, base sólida para afirmar “crente não entra em política”. Esta é uma questão de foro íntimo. Quem quiser entrar, que entre. Não creio que eu tenha o direito de rotular estes como cristãos mundanos. Porém, à luz das minhas convicções expostas em relação aos assuntos que mais preocupam o cidadão brasileiro hoje, a educação, a fome e a violência, acredito que há muito que podemos fazer antes de pensarmos na alternativa do “irmão vota em irmão”.
Sonho com o tempo em que toda a sociedade tenha que se curvar e reconhecer que a igreja do Rei dos Reis e Senhor dos Senhores, aqueles que servem e adoram ao Soberano dos reis da terra, estes tais sabem como ninguém discernir entre a justiça e a injustiça. Estes são verdadeiros e confiáveis conselheiros que devem ser ouvidos antes das decisões nacionais relevantes. Sonho com o tempo em que, ao invés dos cristãos encherem os divãs dos psicólogos, sejamos nós os que tenham equilíbrio e discernimento para saber viver em meio à confusão reinante. Penso, inclusive, que dado o tempo decorrido desde que o Evangelho chegou à nossa terra Brasilis, isto já deveria estar acontecendo. Mas o fato é que não está. Pode demorar 10 anos, 20 ou 100. Não sei. Vai depender da nossa atitude. Vai chegar o tempo em que a gente vai ter moral para ser influência num Congresso Nacional, numa Assembléia Legislativa ou até numa presidência da República. Por enquanto o que se vê é gente tentando manipular a consciência e o voto de fiéis ou fiéis achando ingenuamente que o fulano resolve, que ele salva a pátria. “Maldito o homem que confia no homem!”
Diga “não” à alienação. Informe-se, leia, procure aprender a interpretar as estatísticas do IBGE, compare idéias, programas, propostas. Não seja um enclausurado. Saia da toca, do esconderijo quentinho da religião e acorde para a vida. Mas lembre-se que discernimento e sabedoria dignos deste nome não virão mesmo, a não ser que venham da parte Daquele que tem o mundo inteiro em Suas mãos.
Disse no começo, repito no fim. Não quero revestir-me da pretensão de dar uma resposta definitiva. Apenas lançar luz sobre a questão, nesses dias em que o assunto veio à tona pelo momento político histórico que vivemos.
Aquele abraço, companheiros de fé!
Pensando bem:
Saia da toca, do esconderijo quentinho da religião e acorde para a vida!