Amigos, o mundo vive uma onda maluca de supervalorização de um padrão estético imposto pela mídia. Medidas exatas, corpo perfeito, peso ultracontrolado, sempre de olho nas tendências das supermodelos esqueléticas que desfilam pelas passarelas dos grandes centros. A ordem é o corpo esguio, retilíneo, com ossos à mostra. Forma esquelética. Tudo super. Tudo ultra. Tudo mega. Tudo na conta do exagero e do excesso.
É o limite, o extremo da filosofia do culto ao corpo. A fixação pelo tal padrão de beleza. Quem foi que disse que a Gisele Bündchen é o ápice da beleza feminina? Quem falou que para ser bonita, você tem que ter as pernas de girafa da Naomi Campbell? Tudo bem que seja melhor parecer com o Tom Cruise do que com o José Serra, mas viver tentando ser um ou outro é onde realmente mora o problema. Venderam para nós, pobres mortais, quem a gente tem que ser. Com quem temos que parecer. Espelhar-se em alguém que não foi feito para ser você. Muita gente vive em função disso. Precisa comprar revista de moda para saber como se vestir. Precisa assistir novela para conseguir mobiliar sua casa. Assiste o Jornal Nacional para copiar o penteado da F. Bernardes. Isso é viver numa escravidão sem limites. Para quem está verdadeiramente livre, não faz o menor sentido.
Muitos discordarão desta premissa, mas para mim, belo é o que lhe cai bem. Belo é aquilo que foi feito para você, sem exageros nem excessos, sem imposições nem prejulgamentos. Sem preconceitos nem escolhas feitas por outrem. Evidentemente há que se utilizar o crivo do bom senso. Já dizia Salomão, que disso entendia muito bem: “como jóia de ouro em focinho de porco, assim é a mulher bonita que não tem discrição”. Porque também a gente vê cada coisa na rua que tenha a santa paciência. Imensos ventres balouçando seus lipídeos descaradamente, supostamente valorizados por um acessório umbilical. Traduzindo para o Colunetês: panças horrorosas chacoalhando para fora da calça com um piercing ridículo pendurado na ponta. Aí já é demais.
Antes que meus velhos conhecidos me acusem de incoerência, apresso-me em explicar que existe uma enorme diferença entre controle de peso e alimentação equilibrada visando à saúde e esta opressão estética. Até mesmo como cristão, preciso zelar por meus hábitos, de maneira que meu corpo, santuário do Espírito Santo como é, não seja contaminado e apodrecido com tanta gordura saturada, açúcares e farinhas brancas, corantes cancerígenos e assemelhados. Se eu descubro que o sobrepeso me expõe a um risco potencializado de doenças cardiovasculares, diabetes, problemas intestinais, ortopédicos e musculares, é evidente que tenho que fazer o máximo possível para minimizar seus efeitos. Não há nada de errado com isso. Pelo contrário, ouso dizer que manter uma alimentação saudável faz parte inclusive do desenvolvimento da nossa espiritualidade. Vivemos à mercê de um estilo de vida sedentário e estressante, no qual não temos tempo para sentar e comer com qualidade, estamos sempre correndo, pensando na próxima atividade. Tudo isso é nocivo à saúde e, como cristãos, temos o dever de cuidar para que esta situação não nos engolfe e massacre. Ponto. Na outra linha. Parágrafo.
Fazer qualquer coisa na vida sem equilíbrio e sem a correta motivação vai dar errado. Todo exagero não combina com o cristianismo. Tudo o que tem sua origem no conceito e na filosofia do sistema pecaminoso e decaído deste mundo (aliás, “mundo” é o sistema) não pode acabar bem. Portanto, vida saudável, sim. Prisão estética, não. Hábitos saudáveis, sim. Paranoia de academia, não. Zelar pela aparência, sim. Viver tentando copiar os outros, não. Isto sem mencionar as cirurgias plásticas para tirar daqui, encher dali, modelar não sei onde. Salvo por razões estritas de recomendação médica, não há a menor justificativa para essa mania estúpida de reformar a vida de fora para dentro. Tanta coisa que deveria ser remodelada na parte de dentro, fica sempre para depois. A lipo da alma ninguém faz. A do bucho todo mundo quer fazer.
Viver contente com o que somos é o segredo para a felicidade e a realização.