Tempo de milagres

Amigos, vocês já repararam como o timing dos milagres registrados na Bíblia é diferente? O que eles têm em comum é o fato de que nenhum deles jamais comportou explicação científica, médica ou humana. Porém, o que determinava um milagre não era o tempo que levava para acontecer e, sim, que o ocorrido não podia ser enquadrado na lógica, na filosofia, na religião ou nas possibilidades naturais.

Houve milagres que aconteceram instantaneamente. Foi o caso do cego Bartimeu. “Que queres que eu te faça?” “Que eu torne a ver”. Pronto. Imediatamente curado. Não demorou nada, não exigiu nada a não ser a fé. Aconteceu na hora. O homem deixou a capa e nunca mais foi ao oftalmologista nem para trocar os óculos. Uma mulher que sofria de hemorragia foi curada no exato instante em que simplesmente tocou na orla do manto de Jesus, sem nem ter falado com ele. Na hora, assim. De bate-pronto.

Outros milagres aconteceram depois de um processo. Lembra da história de Naamã? Eliseu mandou que ele se banhasse sete vezes no rio Jordão para só então ver-se milagrosamente livre da incurável lepra. E o cego de nascença, de João 10? Jesus, estranhamente para nós e provavelmente para espanto do cego (que ainda não podia ver o que estava acontecendo, mas podia imaginar), cuspiu no chão para fazer lodo, lambuzou os olhos do sujeito, mandou que ele fosse se lavar no tanque de Siloé e só então ele voltou vendo. Curioso. Em ambos os casos a coisa não foi instantânea. Mas se alguém perguntasse a Naamã ou ao cego se valeu a pena esperar, não tenho dúvida sobre qual seria a resposta.

Houve milagres que não aconteceram porque faltou fé. Jesus deixou de operar milagres e sinais na cidade onde ele crescera por causa da incredulidade deles (Mateus 13:58). E houve milagres que simplesmente nunca aconteceram porque não era para acontecer. Não chegaram, nem na hora nem depois. Depois de ver a mão de Deus operando de formas mais variadas, inclusive por seu intermédio, Paulo ficou sem ver removido um espinho na carne que recebeu. O milagre simplesmente não aconteceu. Neste caso não era falta de fé, era simplesmente uma questão de que não era para acontecer.

Em uma análise que talvez seja por alguns considerada como simplista, podemos concluir que, ao contrário do que se anda dizendo por aí, esta coisa de milagres nunca foi linear. Ninguém pode dizer que descobriu um método infalível de se obter um milagre, simplesmente porque este método não existe. Quem opera o milagre, afinal de contas, não é a fé de quem o deseja nem o poder de quem o opera. Quem realiza, ainda que por instrumentalidade de alguém a quem é concedido, é Deus. E Deus simplesmente não pode ser encaixotado em métodos ou formatos. Ele não está sujeito a leis nem a regulamentos. Ele não tem que dar satisfação à nossa teologia ou às nossas interpretações. Ele faz o que ele quer, do jeito que quer, na hora que quer, para quem ele quer, por meio de quem ele achar melhor.

Tento imaginar o que Deus sente quando vê pessoas falando em nome dEle a respeito de qual é a melhor maneira de conseguir um milagre. Não sei se ele se ri ou se ele de indigna, ou se ele se ri até se indignar. O que eu sei é que todo milagre sempre serviu a algum propósito. Nunca um milagre foi feito apenas para dar notoriedade a quem o fez. A exceção são os milagres feitos pelo poder de Satanás, como foi o caso de Janes e Jambres, que resistiram a Moisés, imitando seus sinais diante de Faraó. Esses foram executados apenas para se opor ao servo de Deus.

Podem estar certos disso: se algum dos meus queridos leitores estiver mesmo precisando de um milagre em sua vida, uma dessas três coisas pode acontecer. Alguns verão a mão do Senhor operar instantaneamente; outros a verão operando através de um processo; outros, ainda, verão a mão de Deus operando, mesmo que não vejam um milagre acontecer. Pode ser que você ainda não o recebeu por falta de fé, mas nem sempre a razão será esta.

A ação de Deus é sempre completa. Ela não seguirá os caprichos do nosso coração enganoso, mas se efetuará de acordo com os seus desígnios eternos e graciosos. Não sei quanto a você, mas este pensamento traz uma renovação da minha confiança em Deus e tira de cima dos meus ombros a obrigação de realizar o impossível.

Porque o impossível não é minha tarefa. É tarefa de Deus.