A maior parte dos problemas que tenho visto as igrejas enfrentar ultimamente não são as heresias ou a carnalidade. São exatamente os modelos, padrões, protótipos. Estabelecemos nossos paradigmas, eles se transformam em verdades bíblicas. Então, passamos a brigar por eles, formando nossos partidos paradigmáticos, e quando percebemos já não importa mais o que Deus falou. Importa o que dizem os paradigmas. Os resultados disso tudo podem ser resumidos na tabela abaixo.
PARADIGMA HUMANO PRODUZ | PARADIGMA DIVINO PRODUZ |
religiosidade | espiritualidade |
orgulho e egocentrismo | glórias e honras a Deus |
legalismo | santificação |
atrofia numérica e espiritual | crescimento numérico e espiritual |
divisões no Corpo de Cristo | a unidade do Corpo de Cristo |
uma igreja rabugenta | uma igreja alegre |
comparações com as demais igrejas | constante checagem com o padrão divino |
mediocridade | excelência |
Portanto, precisamos discutir abertamente quais dos paradigmas que precisamos manter e quais precisam ser revistos. Quero abordar nesta série três que nunca saem da pauta.
- A identificação de uma igreja bíblica.
- A maneira de louvar como aferidor da espiritualidade.
- O papel das reuniões da igreja na espiritualidade.
Mas antes é preciso fazer um alerta àqueles que exigem mudanças, especialmente a galera mais jovem. Infelizmente, muita coisa continua como está por causa da postura descomprometida que muita gente anda assumindo por aí. Está cheio de gente jovem, com talento e capacidade para influenciar esta geração, que prega mudança, que quer virar tudo de cabeça para baixo na igreja e tal, mas que na hora do chamado “vamos-ver”, não aparece, não assume compromisso, não se dispõe. É a galera que quer andar na esteira do mundo (porque não quer se sentir “careta”) e que depois quer chegar “cantando de galo” na igreja. Assim não dá. Enquanto nosso único ministério for ficar ensaiando o conjunto para cantar nas reuniões de domingo e a nossa única bandeira for cantar música contemporânea, a gente não vai conseguir nada. Gente assim acaba ficando sem identidade, pois vira a contra-cultura no mundo e na igreja!
Sem contar aqueles que querem mudar só para mudar, no melhor estilo espanhol “Hay govierno? Soy contra!” Chegam na igreja com mil e duzentas propostas e você quer saber o porquê daquelas mudanças e aí começam respostas do tipo: “Porque na igreja tal é assim”; ou “Porque a gente tá enjoado desse jeito”; ou “Porque o seu fulano só faz as coisas do jeito dele”. Pessoal, isso aqui não é brincadeira. Se a gente não tem um caminho melhor ou, mais que isso, um motivo melhor, então deixa como está. Pelo menos o evangelho chegou até aqui!
E enquanto isso, tem muita gente do outro lado dando risada, porque sabem que nunca perderão o controle das coisas enquanto for esta a postura da moçada. Quem quer mudança, deve pagar o preço. Deve estar disposto a envolver-se até o pescoço, até à alma. Caso contrário, todos os nossos sonhos vão continuar enroscando na falta de coerência.
Quantos de nós, jovens, estamos dispostos a investir na nossa própria vida espiritual, no nosso conhecimento de Deus e da Sua Palavra? Quantos de nós encaramos a igreja local não como um mero lugar de “encontro das tribos” e de apresentações musicais e sim como o que ela efetivamente é, um ambiente que nos permite crescer e nos tornar mais parecidos com Jesus Cristo? Qual é o nível do seu compromisso com Deus e com a sua igreja?
Defendo a necessidade urgente e imediata de profundas transformações no pensamento cristão que rege a maioria das igrejas e líderes neste país. E não quero mais perder tempo para tentar mudar as cabeças daqueles que já declararam não estar dispostos a isso.
Mas não podemos simplesmente descartar tudo e todos os que vieram antes de nós, sem que saibamos propor um caminho melhor, embasado pela verdade bíblica.
Caso contrário, mudaremos de um paradigma humano para outro paradigma humano, com o agravante de que o nosso nem testado ainda foi.
Pensando bem:
“Tradição é a fé viva dos que já morreram. Tradicionalismo é a fé morta dos que ainda vivem.” Charles Swindoll