O vulcão impronunciável

Amigos, as últimas semanas foram marcadas por uma palavra praticamente impossível de se pronunciar. O tal Eyjafjallajökull resolveu dar o ar de sua graça e colocou em polvorosa toda a Europa. Para facilitar, os meios de comunicação passaram a referir-se a ele como “o vulcão da Islândia”. Caos aéreo, gente dormindo no aeroporto, prejuízos milionários para as empresas aéreas, uma loucura. Nem mesmo a fleuma britânica, a disciplina alemã, a paixão italiana, a precisão suíça ou o fedor francês somados conseguiram arrumar uma saída para driblar a crise. Parou tudo. Milhares de pessoas não conseguiram voltar para casa. Se fosse no Brasil, a classe média e a imprensa haveriam de gritar que o culpado era o Lula e o PT. Sejamos justos: eles são culpados por outras crises, por esta não.

O evento, somado aos seguidos terremotos em todo mundo, deveria ter trazido questionamentos profundos em toda a humanidade, pelo menos no mundo ocidental, formado que foi no berço do Cristianismo. Mas como já era esperado, as únicas reações foram a de especialistas minimizando as notícias. São acontecimentos naturais, que sempre ocorreram. Não há nada para se estranhar. A vida continua. Estamos preparados para o pior. Temos dinheiro, recursos, equipamentos, conhecimento e não precisamos de ninguém. Entidades ateístas patrocinaram recentemente uma campanha nos ônibus de grandes cidades na Inglaterra com as frases: “DEUS: QUEM PRECISA DELE?” e “PROVAVELMENTE NÃO HÁ DEUS: ENTÃO NÃO SE PREOCUPE E APROVEITE A VIDA.” Assim caminha a humanidade. Nada lhes serve de aviso. Voltamos ao estilo de vida dos dias de Noé, antes do dilúvio, nos quais as pessoas “comiam, bebiam, casavam e davam-se em casamento”, numa completa indiferença à pregação da justiça feita pelo servo de Deus. Ninguém se importou. Até que veio o dilúvio.

Vivemos evidentemente os últimos dias. Tudo o que vemos e ouvimos confirma isso. Não se trata de mero sensacionalismo escatológico. Trata-se de discernir os tempos, como Jesus ensinou. Os dias são maus. O amor se esfria cada vez mais. Pais matando filhos, filhos matando pais. Degradação moral em níveis nunca vistos. Fenômenos naturais cada vez mais descontrolados. Igreja em apostasia. Falsos apóstolos e mestres se multiplicando. Só não vê quem não quer.

Os cristãos precisam acordar. Daqui para frente, a vida não nos permitirá mais perder tempo com frivolidades. Na verdade, nunca permitiu. Mas quando a gente acha que ainda falta muito tempo, acabamos não nos preocupando em remi-lo. Olhe para a História da Igreja e você verá que seus períodos mais áureos foram aqueles em que ela se revestiu de sua consciência profético-escatológica, isto é, nos períodos em que ficou consciente de que a volta de Jesus era iminente e que eles não podiam fazer outra coisa a não ser se santificar para recebê-lo e divulgar o mais rapidamente possível a notícia aos que estavam ainda perdidos. Grandes movimentos avivalistas tiveram sua origem no estudo das profecias. Descontados alguns exageros que possam ter havido (como ensinadores tentando marcar a data da vinda de Cristo), eles não estavam errados. Não existe melhor maneira de se viver como cristão do que esperando, amando e se preparando para esse dia, mesmo que não possamos saber nem adivinhar quando ele será.

Incomoda muito perceber que a Igreja não reflete um desejo pelo seu futuro. Nossas músicas falam de tudo o que interessa apenas ao aqui e agora. Cobram bênçãos, dinheiro, saúde, prosperidade. Decretam vitórias e pisam no diabo. Falam da unção, de poder, de conquistas. Pregadores ensinam seus fieis a romper em fé: ou o mar se abre diante de você ou você vai andar sobre as águas. E de repente você percebe dentro da própria Igreja de Jesus o eco do bordão anticristo denunciado pelo apóstolo Pedro: “onde está a promessa da Sua vinda?” (2 Pedro 3:4 – já citado aqui este ano, no segundo artigo). Se não dizem isso com estas palavras, os cristãos do Terceiro Milênio assimilaram de tal maneira o pensamento mundano que nem se lembram mais que seu destino não é aqui. Nem a forma de pensar é a mesma dos que acham que vão ficar aqui para semente. Vejo com apreensão jovens crentes tentando juntar Evolucionismo com a Bíblia; aconselhamento bíblico com psicologia; autoajuda esotérica com Palavra. Tem gente lendo A Cabana e achando lindo. Pastores estão recomendando esse lixo do púlpito. Aliás, tem gente recomendando de Freud a Paulo Coelho. Eles não acordam nem quando o vulcão acorda. Eles não se tocam que a coisa não é por aí. Não percebem que os últimos dias são os piores.

Estão tentando apostar corrida com a História. Quem aposta com a história sempre perde, especialmente quando a História se afunila para o seu final.