Amigos, esta aqui é mais uma do fundo do baú. Talvez boa parte dos meus queridos leitores já ouviram essa história. Nossos pais nos contavam quando éramos pequenos. Como sua mensagem continua válida, lá vai.
- Diz-se que um senhor de uma certa idade precisou levar seu neto à escola. Como morassem na roça, foram ambos montados no burrinho do sítio. Quando chegaram à cidade, logo ao entrar ouviram o comentário, cheio de zelo, de uma senhora que passava:
“Mas que judiação! Onde já se viu fazer o pobre animal sofrer desse jeito? Precisavam ir os dois em cima do coitado?”
Ouvindo isso, o senhor resolveu descer e puxar o burro pela corda, deixando o menino em cima. Descendo mais um pouco, na outra calçada, outra senhora da janela comentou:
“Esses jovens de hoje não tem o mínimo respeito com os mais velhos. Por que esse moleque não desce do burro e deixa o pobre velho ir montado?”
Trocaram. O menino foi puxando a corda. Dali mais alguns metros, outra senhora: “Que velho folgado! Deixa a criança nesse sol andar a pé, enquanto ele vai feito um pavão desfilando pela rua.”
O senhor já não sabia mais o que fazer. Desceu do burro, e foram os dois andando ao lado do animal. Parado num bar, bebendo cerveja, está um homem da cidade. O comentário dele foi imediato: “Para quê trazer o burro, então, se não vai ser usado? Deixassem lá no sítio.”
Cansado da história, o homem encheu de razão e disse: “Quer saber de uma coisa? Eu vou é levar esse burro nas costas!”. Pôs o menino em cima do burro e o burro em cima dos ombros.
Virando a esquina, o dono da padaria: “Mas esse, sim, é mais burro do que o burro. Ao invés de ir usar o burro, o burro é que usa ele…”
É, meus queridos. Não é fácil agradar a todo mundo. Cada um tem uma ótica das coisas. O pior é que raramente aparece alguém para ajudar. Sequer aparece alguém com alguma sugestão sensata sobre como as coisas devem ser feitas. É aquilo que eu chamei aqui, outro dia, de “mal do não podismo”. Sabe-se tudo o que NÃO se pode fazer, mas COMO ou O QUE se deve fazer, aí já é outra história.
Jesus Cristo falou que no tempo dele já estava cheio de gente assim, rabugenta, de mal com a vida. Ele até os comparou aos meninos que ficavam na praça gritando para os colegas: “Ei, a gente toca flauta e vocês não dançam. A gente toca música triste, vocês não choram. Assim não dá. Assim a gente não brinca mais”. E aplicou isso ao fato de que enquanto pregava o ascético e anti-social João Batista, eles falavam que o homem era endemoninhado. Quando chega Jesus, que ia a banquetes e bebia vinho, eles falavam que ele era profano. Nunca estavam contentes. Sempre criticavam. Sempre respondiam entre os dentes. Sempre reclamavam. Eram como aquele que, perguntado se tinha gostado de um certo livro, respondeu: “Não li e não gostei”.
Gente enfatuada é assim. Não precisa saber o que está acontecendo. Não precisa se inteirar da situação. Não. Eles já tem a resposta para tudo. Eles já sabem tudo.
Não perca tempo com eles. Se a gente der ouvido a tudo o que dizem os transeuntes com os quais nos deparamos em nossa caminhada, a gente acaba pirando. A turma do “tá errado” sempre é a primeira a chegar. O negócio é dar de ombros, porque se a gente for ver o que esse pessoal está produzindo de efetivo para o Reino, vai dar vergonha.
Contanto que o menino chegue à escola em paz., cada um que carregue o seu burro do jeito que quiser.
Eu vou levando o meu, do jeito que achar melhor.
Pensando bem:
“O tempo é o Senhor da razão” (Anônimo)